Ao longo da última semana, milhões de eleitores norte-americanos puderam adiantar seus votos nos diversos pontos de depósito de cédulas dispostos pelo país.
A votação oficial, que ocorre hoje (5/11), deve ter seu resultado final divulgado nos próximos dias, conforme a contagem de cada distrito eleitoral, dos estados pêndulos (swing states) e dos votos antecipados for sendo concluída — e ela pode levar dias.
Te podría interesar
O sistema eleitoral norte-americano também permite um modelo de votação enviada pelo correio, chamada de "mail-in voting". Ela funciona com o envio de cédulas de voto a partir dos serviços de entrega oficiais. Em alguns estados, há até uma "votação drive-thru", em que os eleitores podem realizar o processo sem sair de seus carros.
Por conta desse processo fragmentado e não uniformizado, é comum que o modelo norte-americano apresente mais suscetibilidade a fraudes ou movimentos suspeitos.
Te podría interesar
Alguns rumores têm sido checados, nos últimos dias, por repórteres que estão acompanhando o processo eleitoral do país, conforme divulgou a BBC nesta segunda (4).
Um desses rumores foi bastante compartilhado na rede social X, por um usuário que publicou uma imagem da sua cédula de votação em papel já preenchida com um "X" (que indica a intenção de voto) ao lado do nome da candidata republicana, Kamala Harris.
De acordo com a publicação, a cédula havia sido "sabotada", e "votar em qualquer outra pessoa" faria com que o voto fosse anulado (por já haver uma seleção prévia na cédula).
Quando abordada pela BBC, a autoridade eleitoral do estado de onde partiu o rumor (Kentucky, no sudeste dos EUA) "rejeitou a alegação" feita pelo usuário e afirmou que, das cerca de 130 mil cédulas registradas até então, nenhuma havia recebido qualquer tipo de reclamação de sabotagem ou de pré-seleções de candidatos.
Kentucky é um estado de maioria republicana e, nos últimos anos, tem demonstrado uma tendência por candidatos republicanos nas eleições presidenciais — são cerca de 46% de eleitores registrados como republicanos no estado, em comparação com aproximadamente 43% de democratas, de acordo com dados de abril de 2024.
Outro rumor surgido no Kentucky, no entanto, acabou sendo confirmado, mas foi dito "um incidente isolado" com o mau-funcionamento de uma das máquinas de votação. Um vídeo publicado nas redes sociais mostrava que, após tentar votar no candidato Donald Trump, a máquina interferia e "mudava o voto" para a candidata da oposição, Kamala Harris.
Segundo os oficiais do estado, que tentaram recriar essa situação por "vários minutos", o erro voltou a ocorrer apenas quando se tentou repetidamente "apertar uma região entre as caixas de seleção". A máquina em questão foi, então, levada para inspeção por algumas horas e, ao se verificar seu funcionamento correto, voltou à cabine de votação.
Um outro registro feito no X dizia que o Pentágono havia "falhado em enviar cédulas de votos ausentes para membros ativos no serviço militar antes das eleições", isto é, cédulas que permitiriam o voto dos militares em serviço fora do país.
A alegação vinha, supostamente, de uma carta escrita por três membros republicanos do Congresso norte-americano e endereçada ao Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, que expressava a "preocupação" dos congressistas com as deficiências do processo democrático.
No entanto, a carta de fato enviada não chega a mencionar a ausência das cédulas de voto ausente, nem mesmo é papel do Pentágono realizar esse tipo de ação: o voto dos militares fora dos EUA no momento das eleições é registrado através do Programa Federal de Assistência ao Voto (FVAP, na sigla em inglês).
O Departamento de Defesa informou, ademais, ter enviado cerca de três mil oficiais para auxiliar nesse processo.
Na Pensilvânia, estado pêndulo considerado talvez o mais decisivo para o resultado eleitoral desta terça e que abriga mais de 600 mil indianos-americanos, oficiais tiveram de desmentir alegações de que "eleitores ilegais" estariam participando do processo eleitoral no Condado de Allegheny, o segundo mais populoso do estado.
Mais uma vez, publicações no X diziam que os "votantes ilegais" estavam esperando na fila da votação; mas os oficiais responsáveis esclareceram a veículos de notícias que eles, na verdade, aguardavam na fila por cédulas de correio, e que apenas cidadãos norte-americanos são liberados para votar.