PELA PRIMEIRA VEZ

Zelensky admite que pode ceder territórios à Rússia

Ideia exposta pelo mandatário ucraniano havia sido sugerido pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump

Zelensky considera ceder territórios à Rússia em troca de apoio da OTAN.O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky vestindo camiseta de cor escura, sentado em seu gabinete, segurando folhas de papel e expressando semblante pensativoCréditos: DivulgaçãoX Volodymyr Zelensky
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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu pela primeira vez desde o início da guerra com a Rússia a possibilidade de ceder territórios ocupados por Moscou para viabilizar um cessar-fogo. A condição para essa concessão seria que os territórios atualmente sob o controle ucraniano fiquem sob o "guarda-chuva" de proteção da OTAN e que a Ucrânia seja convidada a integrar a organização.

A ideia foi exposta por Zelensky em entrevista à emissora britânica Sky News divulgada nesta sexta-feira (29) e havia sido sugerida pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o presidente da Ucrânia, a Otan protegeria os territórios hoje sob seu controle e, "depois", negociaria a retomada dos territórios ao leste ocupados pela Rússia de forma "diplomática". O movimento serviria para que fosse viabilizado um cessar-fogo garantindo "que Putin não avançará" em outras regiões de seu país. 

"Se quisermos terminar a 'fase quente' da guerra, temos de colocar o território da Ucrânia que temos sob o nosso controle no guarda-chuva da Otan", declarou Zelensky. "Temos que fazer isso rapidamente. E, depois, o território [ocupado] da Ucrânia, a Ucrânia pode recuperá-lo de forma diplomática", disse ainda. 

Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, Zelensky nunca havia sinalizado que aceitaria ceder, ainda que temporariamente, territórios reivindicados pela Rússia. 

O plano dos EUA para substituir Zelensky

No início de novembro, o Serviço de Inteligência Externa da Rússia (SVR) afirmou que os Estados Unidos estão planejando a criação de um novo partido político na Ucrânia com inclinação pró-americana para substituir o grupo do atual presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a partir de 2025.

De acordo com as autoridades russas, as discussões já foram iniciadas entre ativistas financiados pelo Ocidente para a formação de um partido que defenda os interesses americanos na próxima campanha eleitoral ucraniana.

Vale lembrar que o mandato de Volodymyr Zelensky se encerrou oficialmente em maio deste ano, mas o presidente segue no poder devido à Lei Marcial instituída no país desde fevereiro de 2022.

Segundo o documento, os EUA estariam preparando o cenário para eleições presidenciais e parlamentares na Ucrânia em 2025, mesmo diante do conflito contínuo com a Rússia.

"Essa atividade americana demonstra que o discurso habitual dos EUA sobre a soberania da Ucrânia é apenas fachada. Na prática, o destino desse país e de suas lideranças continua sendo traçado nos altos escalões de Washington", declarou o SVR em comunicado.

Pesquisas de opinião conduzidas desde fevereiro de 2024 indicam que Zelensky está sendo duramente ameaçado por Valerii Zaluzhnyi, general de quatro estrelas e embaixador ucraniano no Reino Unido, perdendo para o militar em uma pesquisa Socis por uma margem de 17 pontos (41% a 23%) e empatando em 27% das intenções de voto em uma pesquisa KIIS.

Segundo os russos, a ideia dos EUA é utilizar a rede pró-Ocidente instaurada na Ucrânia desde o Euromaidan, em 2014, mobilizando fundos de 'democratização' e think tanks para apoiar a criação de condições favoráveis para a eleição de uma figura pró-Ocidente que não seja Volodymyr Zelensky.

De acordo com o SVR, esses recursos visam incentivar estruturas da sociedade civil ucraniana a promover a criação do novo partido, que, conforme o plano, deve obter 'amplo apoio público'