Em visita oficial ao Brasil, o presidente da China, Xi Jinping, falou, durante sua declaração ao lado do presidente Lula (PT), sobre a guerra na Ucrânia, a situação na Faixa de Gaza e defendeu um aprofundamento da aliança entre os países do Sul Global.
Ao lado do presidente Lula, no Palácio da Alvorada, Xi Jinping afirmou que "não há uma solução simples" para a guerra entre a Ucrânia e a Rússia.
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"No momento, o mundo está longe de ser tranquilo, com várias regiões sofrendo com guerras [...] Com relação à crise na Ucrânia, enfatizei várias vezes que não existe solução simples para um assunto complexo. Devemos reunir mais vozes que advogam a paz e buscam viabilizar uma solução política para a crise da Ucrânia", declarou Xi Jinping.
Além disso, o líder chinês também afirmou que a situação em Gaza "está se deteriorando com efeitos de contágio ampliados". Diante disso, Xi Jinping defendeu um cessar-fogo imediato e destacou que é preciso buscar uma solução "abrangente e duradoura" para a questão palestina, com a implementação da solução de dois Estados.
Aliança do Sul Global
Em outro momento, o presidente da China falou sobre o papel do Brasil e de seu país em seus respectivos hemisférios, afirmando que as duas nações possuem a "responsabilidade histórica de salvaguardar os interesses comuns dos países do Sul Global".
“Sendo os dois maiores países em desenvolvimento, em seus respectivos hemisférios, China e Brasil devem assumir proativamente a grande responsabilidade histórica de salvaguardar os interesses comuns dos países do Sul Global e de promover uma ordem internacional mais justa e equitativa. Vamos aprofundar a cooperação em áreas prioritárias como economia e comércio, finanças, ciência e tecnologia, infraestrutura e produção ambiental. E reforçar a cooperação em áreas emergentes, como transição energética, economia digital, inteligência artificial e mineração verde”, afirmou Xi Jinping, durante sua declaração.
Em suas redes sociais, o presidente Lula celebrou a visita de Xi Jinping ao Brasil: "Essa visita significa a consolidação da parceria estratégica de China e Brasil. Nós temos uma relação de amizade há 50 anos e agora nós renovamos por mais 50 anos para que a gente possa trocar as experiências em tudo que a China tem de bom e tudo o que o Brasil pode oferecer para a China”, afirmou.
“Eu acho que foi um sucesso extraordinário. Está consolidada a aliança contra a fome e a pobreza. Está consolidada a união para construir e produzir inteligência artificial. A parceria para construir obras de infraestrutura. Ou seja, está consolidada, efetivamente, uma aliança que pouca gente acreditava que pudesse ser feita. Eu acho que, portanto, nós temos que agradecer a Deus primeiro pelo sucesso do G20 com a participação de 41 países. Segundo, por essa bilateral com a China que foi uma coisa extraordinária", disse Lula.
Confira a íntegra da declaração do presidente Lula no vídeo abaixo:
Lula recebe Xi Jinping na mais importante reunião bilateral entre Brasil e China
Um dia após liderar a cúpula de chefes de Estados do G20 no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na manhã desta quarta-feira (20) o colega chinês, Xi Jinping, na mais importante reunião bilateral entre Brasil e China, que celebram 50 anos de relações diplomáticas.
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Lula reservou a agenda de toda esta quarta-feira, primeiro feriado nacional para celebrar o Dia da Consciência Negra, para recepcionar o presidente chinês.
A reunião sela a reaproximação definitiva do Brasil com a China, que sofreu abalos com a diplomacia ideológica de Jair Bolsonaro (PL), um crítico contumaz do regime comunista, assim como seu ídolo, Donald Trump, dos EUA.
Após a cerimônia de chegada, Lula e Xi Jinping se reúnem no Palácio da Alvorada de forma reservada, antes da convocação de ministros e autoridades para uma reunião ampliada.
Em seguida, os dois presidentes participam de ato de assinatura para formarlizar mais de 20 acordos em diferentes áreas, como agricultura, meio ambiente e ciência e tecnologia.
Os dois presidentes farão uma declaração conjunta à imprensa antes do almoço oferecido por Lula e a primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, no Alvorada.
Xi Jinping também é convidado de honra para o jantar que acontece no início da noite no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério de Relações Exteriores do Brasil.
Acordos
Entre os acordos estão a parceria do Brasil com a Administração Nacional de Dados da China e a empresa chinesa SpaceSail, que vai transferir tecnologia ao Brasil e substituir a Starlink, de Elon Musk, no fornecimento de serviço de internet de alta velocidade por meio de um sistema de satélites de órbita baixa da Terra.
Outro acordo, firmado nesta terça-feira (19), vai promover um salto nas exportações de café brasileiro a partir de 2025.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), articulou um novo acordo com a rede de cafeterias chinesa Luckin Coffee para a compra de 240 mil toneladas do grão do Brasil entre 2025 e 2029 a um valor estimado de US$ 2,5 bilhões.
Fundada em 2017, a empresa é uma das maiores do país e conta com cerca de 22 mil lojas na China, além de ter mais de 110 mil funcionários.
"Atualmente, contamos com 300 milhões de clientes, e o impacto tem sido extraordinário. Essa parceria é apenas o começo; no futuro, queremos ampliar ainda mais nossa colaboração. Convidamos todos a conhecer nossas novas fábricas e lojas e explorar nossa plataforma dedicada a promover o café brasileiro”, afirmou o CEO da Luckin Coffee, Jinyi Guo, ao firmar acordo com o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin.
A dimensão do novo acordo fica clara quando é feita uma comparação com o valor total de todas as exportações brasileiras de café.
Até outubro, foram obtidos cerca de US$ 9,6 bilhões com as vendas para o exterior, de acordo com a plataforma Comex Stat, que representa um aumento de 54,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A China atualmente é a sexta maior compradora de café brasileiro. A parceria com a Luckin Coffee teve início em 2023 por meio do programa Exporta Mais Brasil. Compradores da empresa estiveram em Cacoal (RO) para conhecer os cafés produzidos na Amazônia, quando 4 mil sacas foram vendidas em um único evento.
A partir deste primeiro contato, foi negociado um acordo em junho para o fornecimento ainda em 2024 de até 120 mil toneladas a um valor de US$ 500 milhões.