De LISBOA | Um crime de brutalidade indescritível para os padrões de violência e de criminalidade de Portugal, um dos países mais seguros da União Europeia e do mundo, cometido nesta quarta-feira (2), tem uma mulher brasileira entre suas vítimas fatais. Um triplo homicídio por motivos absolutamente fúteis, cometido na freguesia de Penha de França, em Lisboa, uma área muito próxima ao núcleo nervoso turístico do Centro Histórico da capital lusa, deixou toda a sociedade perplexa e devastada.
Julia Fernanda, que não teve o sobrenome e a idade revelados, era uma brasileira nascida no estado de Minas Gerais. Casada com o português Bruno Neto, ela tinha dois filhos e estava grávida do terceiro. O casal passava em frente à barbearia Grande Pente, na rua Henrique Barrilaro Ruas, quando uma discussão banal estava acontecendo.
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O dono do estabelecimento, o barbeiro Carlos Pina, de 43 anos e pai de cinco filhos, sujeito muito conhecido e querido no bairro, batia boca com um homem que mora a poucos passos dali, chamando de “Nando”. A confusão teria começado ainda pela manhã, quando o tal “Nando” foi pedir para cortar o cabelo no salão, ocasião em que teve a solicitação negada por Pina por não ter horário disponível na agenda. Horas depois, “Nando” voltou e insistiu, recebendo outra negativa.
Quando era hora do almoço, por volta de 13h20 no horário local, outra vez o cliente insistente apareceu, desta vez com a esposa. Ele pediu novamente para cortar o cabelo e ao ter o pedido negado sacou uma arma de fogo, algo muito incomum e raríssimo em Portugal, e disparou um tiro à queima-roupa na testa de Pina, que caiu morto. Na sequência, o assassino apontou a arma para matar um rapaz que também trabalha no salão, mas percebeu que alguém passava pela porta e olhava para dentro.
Era o casal Fernanda Júlia e Bruno Neto. Sem pensar suas vezes, ele apontou a arma para as cabeças de ambos e disparou mais duas vezes, matando-os instantaneamente. O criminoso ainda chegou a fazer mira e apertar o gatilho contra outras pessoas, mas o mecanismo falhou. Ele saiu correndo, entrou na casa do pai, que mora metros ao lado, e de lá saiu num jipe verde dirigido pelo idoso e mais um familiar.
No início da noite, a imprensa portuguesa reportou que dois carros da família de “Nando” foram incendiados por vizinhos revoltados, que fizeram uma espécie de altar improvisado com velas e flores na soleira da barbearia palco do crime bárbaro. A PSP (Polícia de Segurança Pública) segue até o momento numa verdadeira caçada por toda a Região Metropolitana de Lisboa na tentativa de encontrar o assassino, seu pai e o outro parente que ajudaram na fuga.
O caso monopolizou as manchetes em todos os veículos de imprensa do país, que não conhece atos de violência extrema como esse, o que fez até com que alguns jornalistas e espectadores classificassem o crime como o “mais fútil da história” de Portugal.