De acordo com a Unicef, 9 em cada 10 pessoas em Gaza foram obrigadas a se realocar para fugir dos bombardeios na região, que completam um ano em outubro. Crianças são metade desse número.
Sem acesso a recursos básicos de sobrevivência, com casas destruídas e familiares mortos, as crianças palestinas estão em situação de "extrema vulnerabilidade", de acordo com Jonathan Crickx, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Territórios Palestinos.
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Em entrevista à AFP, após missão de uma semana à Faixa de Gaza, Crickx enfatiza que as crianças palestinas já não vão à escola, não têm acesso a locais de convivência e "não levam uma vida normal". São 625 mil estudantes sem acesso a qualquer tipo de educação, de acordo com a ONU.
Crianças menores, de cinco ou seis anos, saem às ruas em meio aos destroços para "procurar comida" para o que restou de suas famílias, "caminhando entre pilhas de lixo".
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Os bombardeios ao território, que avistaram uma redução após o início dos ataques israelenses ao Líbano, continuam durante a noite.
Cerca de 19 mil crianças foram separadas de suas famílias e estão vagando sozinhas pelo território. Pelo menos 85% dos prédios escolares foram destruídos pelos bombardeios. As crianças de Gaza já não vão à escola há 12 meses.
Sem educação, sem acesso à água potável e sem comida, as crianças estão expostas a "más condições de higiene" e "altas temperaturas", com pouquíssimo acesso a banheiros — um estado de calamidade e "uma terrível receita para desastres", afirmou Crickx.
Além das escolas, também já não existem hospitais capazes de atender a demanda do território: "Muitas [crianças] ficam doentes e precisam de tratamento, mas a maioria dos hospitais não funciona, e os que estão abertos estão saturados", ele diz. As crianças que sofrem de doenças crônicas, como câncer, "precisam de evacuação médica imediata", ou não vão sobreviver.
De acordo com informações fornecidas pela Unicef, a ONU "continua a focar nas necessidades críticas das crianças, para proteção e assistência humanitária — mas o acesso continua difícil e perigoso".