O Irã confirmou que cinco importantes assessores militares ligados à Guarda Revolucionária (IRGC) foram assassinados em Damasco, na Síria, em um ataque de Israel.
Teerã confirmou a morte de Hojjatollah Omidvar, Ali Aghazadeh, Hossein Mohammadi e Saied Karimi sem detalhar as funções que desempenhavam na Síria.
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O quinto assassinado pode ser o líder da inteligência militar da Força Quds, a divisão da Guarda Revolucionária encarregada de inteligência militar e guerra clandestina, disse a rede árabe Al Jazeera.
Ele é identificado como general Sadegh Omidzadeh, que não está na lista de mortos divulgada pela IRGC.
Os cinco estavam em um prédio residencial quando aconteceu o bombardeio.
Na guerra civil que demoliu a Síria, o Irã apoiou o presidente Bashar al-Assad, que resistiu no poder contando também com o apoio da Rússia.
No mês passado, Israel já havia assassinado o general iraniano Sayyed Razi Mousavi em Damasco.
A Guarda Revolucionária do Irã tem uma divisão, a Força Quds, encarregada de inteligência militar e guerra assimétrica.
Em janeiro de 2020, o líder dela, general Qassem Soleimani, foi assassinado pelos Estados Unidos em Bagdá, no Iraque.
Soleimani é considerado o cérebro por trás do chamado Eixo de Resistência, liderado pelo Irã e integrado pela Síria, hutis do Iêmen, Hezbollah, Hamas e milícias que atuam no Iraque.
O Eixo resiste à presença militar dos Estados Unidos no Oriente Médio, combate Israel e defende os interesses dos palestinos sob opcupação em Gaza e na Cisjordânia.
NETANYAHU CAÇA GUERRA
O jornalista Chris Hedges, ex-correspondente do New York Times no Oriente Médio e hoje analista internacional, sustenta que Benjamin Netanhyahu, o primeiro-ministro de Israel, está caçando a ampliação da guerra em Gaza com o objetivo de evitar eleições antecipadas em Israel e prolongar sua presença no poder.
Teria sido um dos motivos pelos quais matou o general Mousavi em Damasco.
O Irã retaliou atacando o que diz ser a sede do Mossad em Arbil, no Curdistão iraquiano.
Em sua mais recente entrevista, perguntado se Israel não enfrentaria o Irã, Netanyahu respondeu: "Já estamos atacando".
Nas redes sociais, a máquina de propaganda de Tel Aviv lançou um seriado sobre o Irã com o nome de "Eixo do Terror". O seriado foi promovido na conta do X das Forças de Defesa de Israel.
ATAQUE AO LÍBANO
Um ataque massivo de Israel ao sul do Líbano é considerado questão de tempo.
Os Estados Unidos, através de intermediários, tentaram um acordo para que o Hezbollah se afaste da fronteira Norte de Israel, o que foi rechaçado pelo grupo até que um cessar-fogo seja implementado em Gaza.
Israel quer que os homens do Hezbollah recuem até as margens do rio Litani.
Com isso, cerca de 80 mil pessoas que foram retiradas de casa pelo governo Netanyahu e estão morando em hotéis poderiam voltar a suas comunidades.
Estes "refugiados internos" estão pressionando o governo de Israel por uma solução para a crise, além dos familiares dos reféns que permanecem em Gaza.
Na entrevista de Netanyahu citada acima, ele disse que Israel já destruiu 16 ou 17 dos 24 regimentos do Hamas em Gaza, que permanece o obvjetivo de eliminar o grupo e de que não haverá estado palestino, uma vez que Tel Aviv quer ter o controle da segurança do rio Jordão ao Mediterrâneo.
Sob pressão dos Estados Unidos, no entanto, Netanyahu teria voltado atrás quanto a não aceitar um estado palestino, num telefonema com o presidente Joe Biden.
O PLANO DE WASHINGTON
O plano dos Estados Unidos, depois da destruição do Hamas, é entregar a administração de Gaza para uma Autoridade Palestina "renovada", ou seja, provavelmente sob nova direção.
Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos pagariam pela reconstrução de Gaza.
Um estado palestino que acomodasse os 700 mil colonos que foram assentados na Cisjordânia seria formado.
Ou seja, os palestinos teriam de fazer novas concessões territoriais para ter algum controle sobre as regiões em que vivem.
A Arábia Saudita, então, reataria relações diplomáticas com Israel, retomando o projeto dos Estados Unidos de normalizar as relações de Tel Aviv com todos os países árabes -- Marrocos, Sudão, Bahrein e Emirados Árabes Unidos já fizeram isso.
Falta combinar com os próprios palestinos e com o Eixo da Resistência.
Post modificado em 21/01 para atualização de informações