MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Calor extremo no Atlântico Sul é quatro vezes maior que El Niño e preocupa especialistas

Aquecimento do sul do Atlântico está entre anormalidades atribuídas às mudanças climáticas por 16 centros de pesquisa; entenda

Pesquisas apontam que sul do oceano Atlântico está aquecendo rapidamente.Créditos: Kellie Churchman/Pexels
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Estudos revelam que o Atlântico Sul está aquecendo rapidamente. O aumento extraordinário de temperatura é quatro vezes superior às mudanças naturais e em comparação com o fenômeno El Niño no Pacífico, amplamente reconhecido por influenciar as temperaturas ao redor do planeta. Embora o Brasil esteja no verão e seja comum o aumento do calor, a previsão aponta para um agravamento da condição até março deste ano.

A coordenadora do grupo que estuda a região do Atlântico e suas ondas de calor na Organização Meteorológica Mundial (OMM), Regina Rodrigues, disse ao jornal O Globo que o verão será mais intenso no país. “O grande aquecimento dos oceanos observado desde 2023 é consequência das mudanças climáticas. O El Niño sozinho não explica o que vivemos. E 2024 já entrou fervendo. Infelizmente, com esse cenário, o Hemisfério Sul vai arder neste verão, que começou há poucos dias”.

Acima da média histórica

A especialista alerta isso porque esta semana, o XAIDA (eXtreme events: Artificial Intelligence for Detection and Attribution), um consórcio composto por 16 instituições de pesquisa climática na Europa, identificou em estudos o aquecimento do Atlântico como uma anormalidade associada às mudanças climáticas. Segundo uma pesquisa da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), entre 11 de dezembro de 2023 e 9 de janeiro de 2024 a amplitude do calor ficou acima da média histórica.

A especialista prevê que janeiro ainda vai trazer um alívio momentâneo, graças à chegada das monções, representadas pelos canais de umidade das áreas de convergência intertropical (ZCIT) e do Atlântico Sul (ZCAS). No entanto, “fevereiro pode ficar mais seco e quente, com piores condições de calor. As chuvas, quando vierem, podem ser devastadoras. O pico de temperatura do Atlântico Sul deve ocorrer em março”, destaca Regina.

Nesta terça-feira (9), o Observatório Europeu Copernicus emitiu um alerta alarmante classificando o ano de 2023 como o mais quente em 100 mil anos. O relatório destacou as temperaturas recordes registradas no ano anterior, revelando que todos os dias apresentaram um aumento de 1°C em relação ao nível pré-industrial estabelecido entre 1850 e 1900. De acordo com o estudo, metade dos dias de 2023 testemunhou temperaturas superiores a 1,5°C do nível pré-industrial, atingindo um pico de 2°C em dois dias de novembro.

De acordo com a recente projeção da NOAA, é esperado que o Atlântico Tropical mantenha condições propícias para ondas de calor oceânicas até junho de 2024, principalmente ao norte da linha do equador, exercendo impacto no clima da Amazônia.

*Com informações de O Globo