VICTOR JARA

A coragem de Victor Jara e a covardia do seu algoz, que se suicidou para não ser preso

Hernán Soto torturou e matou o cantor, um herói nacional, com 44 tiros e largou seu corpo na rua de uma favela de Santiago

Víctor Jara.Créditos: La Voz de los que Sobran
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Victor Jara, um dos maiores cantores e compositores chilenos de todos os tempos, foi brutalmente assassinado pela ditadura de Augusto Pinochet, em 1973, no Estádio Nacional. Jara, que era filiado ao Partido Comunista, foi preso dentro da Universidade Técnica do Estado, onde trabalhava como professor, e levado ao estádio onde foi torturado por vários dias.

Ele tinha 40 anos quando foi crivado de 44 balas. Seu corpo foi abandonado na rua de uma favela de Santiago.

Jara é considerado um símbolo da chamada Nova Canção Chilena, movimento musical e social da década de 60 e 70. Fez canções inesquecíveis como “Te recuerdo Amanda”, “Plegaria a um Labrador”, “Ele derecho de vivir em paz”, entre várias outras.

Sete oficiais que eram do Exército Chileno durante a ditadura de Pinochet foram condenados pela morte de Victor Jara. Um deles, o brigadeiro reformado Hernán Carlos Chacón Soto, condenado a 25 anos de prisão por participação na morte e tortura do cantor e compositor, se matou nesta terça-feira (29), momentos antes de ser preso e transferido ao presídio de Puntateuco para começar a cumprir sua pena.

O suicídio

Unidades da seção de direitos humanos das forças de segurança chilenas apareceram pela manhã na casa do assassino, na comuna de Las Condes, na capital, para prendê-lo. A imprensa local noticiou que, ao recebê-las, o oficial de 86 anos pediu para tomar alguns remédios. Nesse momento, segundo o procurador Claudio Suazo, ele se matou usando uma arma de fogo.

A defesa de Chacón Soto sustentou ao longo do processo que o oficial era, naqueles dias de repressão brutal após o golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet e outros comandantes superiores, um simples major do Exército que cumpria apenas a função de guardar o perímetro externo do Estádio Nacional do Chile, em Santiago.

Segundo a sentença, no entanto, ele tinha conhecimentos táticos e de inteligência. O texto diz ainda que Chacón participou da seleção e interrogatório dos 5 mil presos que foram transferidos para o estádio após o sangrento golpe contra Salvador Allende. 

A ditadura de Pinochet, instaurada em 11 de setembro de 1973, durou 17 anos e deixou 3,2 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos.

Ainda de acordo com a sentença, o brigadeiro participou da seleção de quem seria separado para ser levado para interrogatório e, por fim, “do destino final destes, sendo de toda evidência que dentro do Estádio Nacional havia uma ordem imposta pela estrutura rígida do comando existente”.

Com informações da EFE e AFP