Especialistas descrevem a situação atual do Afeganistão como ‘desastrosa’, dois anos após os talibãs retomarem o poder. A crise econômica, social e humanitária está levando os afegãos a deixar o país em massa. Desde 2021, ao todo 1,6 milhão de pessoas, ou 4% da população, deixaram o país, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU)..
Além disso, com o retrocesso dos direitos, pelo menos uma mulher comete suicídio por dia no país. “Estamos alarmados com os problemas de saúde mental generalizados e os relatos de suicídios crescentes entre mulheres e meninas”, disseram as pesquisadoras da ONU, Dorothy Estrada-Tanck e Richard Bennett, em um relatório divulgado em maio deste ano.
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O Afeganistão está em declínio devido ao modo de governo brutal, liderado por radicais islâmicos sem conhecimentos tecnocráticos. Já enfraquecida por décadas de guerra, a economia afegã enfrenta uma crise ainda maior após sanções e o corte de bilhões de dólares em ajuda internacional desde que o regime Talibã retomou o poder.
O número crescente de cidadãos em estado de miséria já marca cerca de 34 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza no Afeganistão, um aumento de quase o dobro quanto ao período entre 2020 e 2022. Segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), dos 41 milhões de afegãos, 15 milhões têm apenas uma refeição por dia. Além disso, três milhões de pessoas estão em situação de extrema urgência.
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Paradoxalmente, pelo menos 75% dos afegãos enxergam que o regime Talibã ‘melhorou’ a segurança no país e pôs ‘fim’ à guerra. "Os talibãs são capazes de fazer reinar a ordem e a justiça, mas isso não quer dizer que eles tenham um senso de Estado", lembra o antropólogo Georges Lefeuvre, pesquisador associado ao Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas da França (Iris), ao destacar o uso da violência pelo grupo para transmitir essa falsa sensação de segurança.
Nos últimos dois anos, as mulheres afegãs foram forçadas a usar o véu integral e perderam seus direitos de frequentar escolas, universidades e espaços públicos. Elas também foram proibidas de gerenciar ou frequentar salões de beleza e trabalhar no setor público ou em ONGs. Confinadas em casa pelas restrições do regime, metade das mulheres do país sofre com estresse e ansiedade, enquanto o índice de suicídio entre elas aumenta.
De acordo com a ONU, a perda dos direitos das mulheres e as barreiras para que elas trabalhem têm um impacto direto na produtividade econômica do Afeganistão. Uma ex-representante de uma organização internacional que atuava no país afirma que “sem a participação ativa das mulheres afegãs na economia e na vida pública, não haverá uma recuperação duradoura”. O chefe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) acredita que o prejuízo pode fazer com que o país leve décadas para se desenvolver.
*Com informações de g1