Em mais um sinal de endurecimento do regime, o grupo fundamentalista Talibã anunciou neste domingo (26) que as mulheres afegãs precisam estar acompanhadas por um homem de sua família se forem fazer viagens de mais de 72 km.
A recomendação, divulgada pelo ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício e que circula nas redes sociais, também pede aos motoristas que aceitem mulheres em seus veículos apenas se elas usarem o "véu islâmico".
"As mulheres que viajam mais de 45 milhas (72 km) não podem fazer a viagem se não estiverem acompanhadas por um parente próximo", declarou à AFP o porta-voz do ministério, Sadeq Akif Muhajir, antes de explicar que o acompanhante deve ser um homem.
Há algumas semanas, o ministério pediu que os canais de televisão não exibam novelas com mulheres e passou a exigir que jornalistas usem o "véu islâmico" diante das câmeras.
Menos radicalismo?
A primeira gestão do Talibã (1996-2001) foi marcada por radicalismo e proibiu mulheres de estudar, trabalhar e participar da vida pública. Quando assumiu o controle do Afeganistão em agosto de 2021, o grupo fundamentalista afirmou que seria mais moderado e que as mulheres "não seria vítimas" do regime.
Todavia, a ideia de que o Talibã adote uma posição mais moderada em torno dos direitos das mulheres ainda é visto com “muito ceticismo” pelos observadores internacionais. Recentemente, a jogadora de vôlei Mahjabin Hakimi foi executada pelo Talibã.
Segundo o jornal The Persian Independent, Hakimi foi assassinada pelo fato de ter praticado esportes sem estar vestindo o hijab e também por ter origem Hazara, povo da Mongólia que é perseguido pelo Talibã.