JAVIER MILEI

VÍDEO: Javier Milei, o Bolsonaro argentino, não quer um Estado enxuto, mas sim o fim dele

O histriônico candidato da extrema-direita argentina aparece em vídeo exterminando ministérios, entre eles o da Educação

Javier Milei.Créditos: Reprodução de Vídeo
Escrito en GLOBAL el

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Javier Milei, o líder de extrema-direita argentina consegue ser mais histriônico do que o colega brasileiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Não à toa tem sido festejado por seus pares brasileiros, incluindo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), que o chamou de “um excelente começo para o que pode ser a mudança real que a Argentina precisa”.

Milei venceu as primárias argentinas. No país vizinho, as primárias não são eleições internas como em quase todo o mundo democrático, mas sim obrigatórias a todo o eleitorado. Ultra-mega neoliberal, Milei, que se diz ex-instrutor de Kama Sutra, não defende exatamente um Estado enxuto, como a maioria dos seus pares mundo afora. Na prática, ele defende mesmo é o fim do Estado.

Em um vídeo que circula nas redes, ele aparece dizente de um quadro arrancado papéis com os nomes de ministérios que pretende extinguir caso venha a assumir a presidência. Entre eles, aparece para surpresa de muitos, mas para quem o conhece, o fim ate mesmo do ministério da Educação.

Veja o vídeo abaixo:

Quem é Javier Milei

Javier Milei é um deputado federal argentino e pré-candidato à presidência argentina pelo bloco político A Liberdade Avança. Defensor de uma agenda ultraliberal e conservadora nos costumes, Milei ficou famoso após fazer falas polêmicas na televisão contra a classe política argentina.

Nascido em Buenos Aires no ano de 1970, Milei é economista, professor e escritor, e defende radicalmente o fim dos serviços públicos. Ele já chegou a defender ideias anarcocapitalistas.

Milei se define como um “minarquista”, isto é, um sujeito que defende um estado realmente mínimo, onde nenhum tipo de assistência social é garantida para os cidadãos. Ele é um defensor das teorias da escola austríaca,coisa que compartilha com Paulo Guedes, ex-ministro da Economia do Brasil.

Javier Milei trabalhou para empresas de previdência privada e assessoria financeira, além de entidades como HSBC e outros bancos, sendo estritamente ligado ao setor bancário. Ele também foi assessor econômico do gabinete do deputado Antonio Domingo Bussi, general argentino condenado por crimes contra a humanidade durante a ditadura militar que ocorreu no país.

Desde 2020, ingressou para a política institucional com um discurso fortemente anti-kirchnerista, mas também já fez críticas ferozes aos governos de Maurício Macri, se colocando como uma alternativa política a ambos.

Contudo, Milei também já elogiou fortemente o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o ex-presidente estadunidense Donald Trump, se demonstrando também um entusiasta do movimento neofascista ou pós-fascista de extrema-direita nacionalista que ascende ao redor do mundo.

Javier Milei é deputado federal desde 2021, e, desde então, tem trabalhado para tensionar à direita a oposição ao governo de Alberto Fernández. Atualmente, a oposição tem se dividido em um projeto de extrema-direita liderado por Javier Milei e um projeto mais moderado, do Juntos por el Cambio, cujo provável candidato é Horácio Larreta, prefeito de Buenos Aires.

Milei vai ganhar a eleição na Argentina?

É difícil fazer previsão sobre as possibilidades de uma eleição que ocorrerá apenas no mês de outubro e que não tem candidatos definitivos, porém, é possível saber que Javier Milei está em terceiro lugar nas pesquisas, atrás da Unión por la Pátria, bloco democrático progressista, e atrás do Juntos por el Cambio, bloco neoliberal.

Javier Milei saiu de pouco mais de 10% de intenções de voto no início de 2022 e chegou a um pico de 27% neste junho, onde liderou contra os governos de centro-esquerda e centro-direita na pesquisa da Aresco.

Agora, também parece perder fogo em uma eleição que mostra uma divisão tripartite na sociedade argentina: 30% da opinião pública parece estar com o kirchnerismo, 30% parece estar com o bloco de centro-direita e 30% parece estar com Milei, o único verdadeiro nome do La Liberdade Avanza.

Nenhum candidato possui margem substancial para vencer as eleições e também não é possível prever quem irá para o segundo turno até o momento da publicação desta reportagem.

Javier Milei - polêmicas

Como um candidato de extrema-direita neofascista, o candidato argentino Javier Milei tem diversas opiniões controversas e polêmicas ao longo de sua carreira.

Contra o aborto

Ele é notoriamente contra o aborto de gestação em qualquer caso, incluindo em que mulheres foram abusadas sexualmente, mesmo sendo crianças, chamando o procedimento de assassinato. Vale ressaltar que, recentemente, o aborto foi legalizado na Argentina em uma conquista histórica das mulheres hermanas.

Marxismo cultural

Além disso, ele afirma que encerrará o ministério das mulheres, além de defender a teoria da conspiração do marxismo cultural, a quem atribui o feminismo, os ativismos pró-ecologia, e o movimento LGBT, afirmando que todas essas organizações são fruto do marxismo, reforçando seu viés neofascista.

Violência contra adversários

Milei já afirmou que iria agredir uma jornalista argentina, a chamando de burra. Também foi acusado de ter vínculos com o narcotraficante Fred Machado, por associações financeiras na campanha presidencial de José Luís Espert. Também foi acusado notórias vezes de plágio por suas colunas de opinião nos sites Infobae e El Cronista. 

Milei também afirmou que Larreta, seu potencial adversário nas eleições, era um "surdo de merda" e "um lixo asqueroso". 

Defesa de venda de órgãos

Além disso, ele defendeu a venda "livre, legal e desregulada" de órgãos humanos na Argentina, assim como também defende a venda de filhos. Ele também apoiou as criptomoedas de uma empresa chamada CoinX, acusada de ser um esquema de pirâmide. 

Javier Milei também nega que 30 mil pessoas tenham sido mortas e desaparecidas durante a ditadura militar argentina.

Em fevereiro deste ano, Mila Zurbriggen, da juventude libertária, afirmou que a coalizão de Milei envolve esquemas sexuais bizarros. Zurbriggen afirmou que a coalizão "coloca pessoas em posições de poder em troca de favores sexuais" e que Milei usou o "partido em seu próprio interesse". A militante de direita não denunciou o político formalmente.