O assassinato de Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador, diante das câmeras, na tarde de quarta-feira (9), chocou o mundo e a informação de que ele teria sido vítima de um crime político ou de grupos do crime organizado que prometia combater caso fosse eleito foram reverberadas desde o primeiro momento após o atentado. Já nas primeiras horas desta quinta (10), uma facção identificada como Los Lobos assumiu a autoria do homicídio e até divulgou um vídeo nas redes sociais “celebrando o feito” e ameaçando outros políticos. No entanto, tudo pode ser diferente segundo as autoridades que investigam o caso.
Nesta tarde, Juan Zapata, ministro do Interior do Equador, pasta responsável pela segurança pública e pelas polícias, informou que o assassino que foi morto no local pelos guarda-costas e os outros seis detidos por envolvimento no crime são cidadãos colombianos. Eles seriam membros de um grupo criminoso que atua no território equatoriano, sendo que dois deles tinham ordens de prisão decretadas por crime de receptação. Zapata não deu mais detalhes sobre que tipo de organização criminosa que eles integravam. As informações são do jornal equatoriano El Universo.
Te podría interesar
De acordo com a Polícia Nacional do Equador, nas diligências realizadas após a detenção dos colombianos que seriam os assassinos de Villavicencio, um carro, uma moto, um fuzil, uma submetralhadora, quatro pistolas, seis carregadores de calibre 9mm, dois carregadores de fuzil 5.56, várias caixas de munição, três granadas e muitos quilos de drogas foram apreendidos em endereços relacionados ao bando.
A dúvida que começou a ser ventilada na sociedade e nos meios de comunicação a partir da nova revelação diz respeito aos mandantes do ataque que vitimou o jornalista e político morto. O debate é sobre as razões que teriam esses estrangeiros para assassinar Villavicencio e interferir no processo político equatoriano, o que leva a crer que eles poderiam ter sido contratados por alguém poderoso e com interesses no universo político nacional.
Outro caso envolvendo colombianos: Assassinato do presidente do Haiti, em 2021
Após a nova informação vir a público, muitos analistas e internautas lembraram um caso relativamente recente em que mercenários colombianos também mataram um político estrangeiro. Na madrugada de 7 de julho de 2021, um grupo numeroso de homens fortemente armados invadiu o palácio presidencial do Haiti, na capital Porto Príncipe, e assassinaram o presidente Jovenel Moïse a tiros, acentuando ainda mais a convulsão social já latente no país caribenho.
Investigações posteriores ligaram os assassinos ao médico haitiano Christian Emmanuel Sanon, que morava em Miami, nos EUA, e tinha voltado havia pouco tempo à terra natal. Os executores do crime eram guarda-costas do médico e entraram legalmente no país num avião particular dele. Eles eram funcionários de uma empresa venezuelana que presta serviços de escolta e proteção, com sede nos EUA.
O episódio envolvendo um cidadão que morava em Miami fez com que o governo norte-americano enviasse uma equipe do FBI ao Haiti para auxiliar nas investigações do homicídio. No caso do Equador, o governo também informou que um grupo do FBI virá ao país para atuar nas investigações sobre o assassinato de Villavicencio.