A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que critérios raciais não podem mais ser usados na admissão de alunos em universidades. Por seis votos a três, o tribunal de maioria conservadora reverteu um entendimento firmado há 45 anos, caso semelhante ao que aconteceu com o direito ao aborto, no ano passado.
A decisão prejudica que ações afirmativas diminuam a desigualdade de acesso ao ensino superior no país. Além disso, se trata de uma medida que, na prática, favorece candidatos brancos, o que já é vigente na Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo.
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As chamadas "admissões por legado" (em inglês, legacy admission) facilitam o ingresso de alunos cujos pais ou parentes tenham estudado em Harvard ou tenham doado dinheiro à instituição.
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Como grande parte das universidades americanas só passou a aceitar estudantes negros há uma geração, os beneficiados são na maioria americanos brancos. A política, portanto, favorece brancos e ricos em Harvard.
Harvard foi processada
Uma organização da sociedade civil acionou a Justiça nesta segunda-feira (3) pedindo que o governo impeça a continuidade desse tipo de admissão. A Lawyers for Civil Rights (LCR) — uma organização sem fins lucrativos com sede em Boston — apresentou uma queixa na Justiça federal contra Harvard.
Os argumentos apresentados pela LCR se baseiam na "preferência especial em seu processo de admissão a centenas de estudantes, em sua maioria brancos — não por qualquer coisa que eles tenham realizado, mas apenas por quem são seus parentes". A política violaria a Lei dos Direitos Civis.
Os dados apresentados mostram que quase 70% dos candidatos admitidos nessa modalidade são brancos e que esses alunos têm seis a sete vezes mais chances de serem admitidos em Harvard do que os que não se candidatam através dessa categoria. Além disso, 43% dos estudantes brancos entraram por admissões de legado, por fazerem parte da lista de interesse do reitor, por serem atletas ou filhos de professores e funcionários.
A ação foi apresentada em nome de três grupos que representam comunidades negras e latinas na região de New England. Os pedidos são para que o Departamento de Educação do país investigue as admissões por legado de Harvard, considere-as ilegais e ordene que a universidade acabe com a prática se quiser continuar recebendo verbas federais.
Em um comunicado, o diretor executivo da LCR, Ivan Espinoza-Madrigal disse: "Por que estamos recompensando os jovens por privilégios e vantagens acumulados por gerações anteriores? O sobrenome de sua família e o tamanho de sua conta bancária não são uma medida de mérito e não devem ter influência no processo de admissão na faculdade."
As admissões por legado já foram proibidas em instituições como a Universidade da Califórnia e todas as universidades públicas do Colorado. Harvard se recusou a comentar a ação.
Com informações da BBC