Em meio a alegações de abuso sexual e corrupção, o grupo católico Sodalício de Vida Cristã está sob investigação pelo Vaticano. Dois investigadores designados pela Santa Sé chegaram a Lima, no Peru, para conduzir a auditoria que tem como objetivo esclarecer as denúncias que envolvem membros da organização religiosa.
O Sodalício de Vida Cristã, fundado em 1971 no Peru, tem atualmente mais de 20 mil seguidores espalhados por 25 países e foi oficialmente reconhecido pelo Papa João Paulo II em 1997. No entanto, o grupo enfrenta sérias acusações de abuso psicológico, físico e sexual contra menores, que foram tornadas públicas pela primeira vez em 2015, quando o Ministério Público peruano iniciou sua investigação.
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Os relatos de abuso sexual apresentados ao Vaticano em 2011 envolvem o fundador do movimento, Luis Fernando Figari Rodrigo, e outros líderes da organização. Cerca de 30 depoimentos detalham os abusos que ocorreram ao longo de quase três décadas, incluindo casos em que Figari é apontado como autor dos crimes. Porém, durante anos, as supostas vítimas não receberam resposta das autoridades eclesiásticas.
O conceito de "obediência absoluta" dentro do Sodalício é apontado por ex-membros como um dos elementos que permitiram que abusos acontecessem. Os membros do grupo eram orientados a seguir rigorosamente regras, horários, atividades e até mesmo leituras específicas. Segundo relatos, isso acabou levando à perda da capacidade crítica e permitindo que os superiores impusessem comportamentos prejudiciais e abusivos.
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Em 2000, o Sodalício foi alvo de críticas por abusos psicológicos e físicos relatados por um ex-integrante que viveu nas comunidades do grupo. Esse foi o primeiro indício público de problemas dentro da organização. Posteriormente, em 2007, um pupilo próximo do fundador foi preso em um hotel com um menino de 11 anos, e esse episódio trouxe mais atenção negativa à instituição.
Questões sem respostas
Desde então, surgiram mais testemunhos de abuso, envolvendo também o próprio Figari. Em 2015, a Igreja Católica nomeou um "visitante" para avaliar a situação dentro do Sodalício, mas algumas questões permaneceram sem resposta.
Com a chegada dos investigadores do Vaticano, liderados pelo arcebispo de Malta, Charles Scicluna, e pelo padre espanhol, Jordi Bertomeu, espera-se que um relatório completo seja elaborado e enviado ao Papa Francisco. O objetivo é esclarecer as acusações e identificar quaisquer irregularidades, abusos ou corrupção financeira que possam ter ocorrido dentro da organização.
Essa investigação representa um passo significativo no esforço da Igreja Católica em lidar com questões de abuso e corrupção dentro de suas instituições. A comunidade católica em todo o mundo aguarda ansiosamente os resultados dessa auditoria, que pode ter um impacto importante na reputação do Sodalício de Vida Cristã e, mais amplamente, nas medidas tomadas pela Igreja para combater o abuso em suas fileiras.