OVNIS

ETs e a disputa pela hegemonia geopolítica na Era da Informação

Se há engenharia reversa aplicada a artefatos extraterrestres, não há, por ora, como provar. O que não tem como negar é o avanço tecnológico assombroso que a humanidade alcançou nas últimas duas décadas

Créditos: Divulgação
Escrito en GLOBAL el

Uma audiência histórica no Congresso dos Estados Unidos nesta quarta-feira (26) e trouxe à tona questões sobre os Fenômenos Anômalos não Identificados (UAPs, da sigla em inglês), comumente conhecidos como OVNIs (Objeto Voador Não Identificado). Três veteranos militares aposentados testemunharam perante o subcomitê de supervisão e expuseram experiências pessoais e alertaram  sobre os possíveis riscos à segurança nacional associados a esses avistamentos.Washington foi alvo de críticas, acusado de manter excessivos segredos sobre o assunto.

Se existe ou não ETs e vida inteligente fora do planeta Terra, apenas provas materiais podem confirmar. Em 2021, a Netflix lançou uma série documental sobre o tema com seis episódios: Top Secret: OVNIS, que relata que há muitos anos, as histórias de contatos extraterrestres são desmentidas. Porém, muitos acreditam que a existência de objetos voadores não identificados não só é provável, como também real.

A despeito da veracidade dos relatos coletados pelos produtores do documentário, um dos aspectos mais curiosos da série está centrado na nova corrida pela hegemonia geopolítica a partir do domínio de tecnologias de ponta, entre elas a Big Data e a 5G, por exemplo. 

Se há engenharia reversa aplicada a artefatos extraterrestres, não há, por ora, como provar. O que não tem como negar é o avanço tecnológico assombroso que a humanidade alcançou nas últimas duas décadas. 

Embora os relatos da série estejam focados na comunidade de ufologistas estadunidenses, são feitas comparações de como o tema é tratado por outros países. Como a Rússia, que herdou o arcabouço da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e emula o comportamento de impor sigilo adotado pelos EUA.

Já a China, avaliam os especialistas ouvidos pela série documental, adota uma postura diametralmente oposta à dos russos e dos estadunidenses. Representantes da comunidade de ufologistas destacam que o governo da República Popular da China estimula e incentiva a troca de conhecimentos acerca do polêmico tema.

A avaliação sobre a tática chinesa para a Era da Informação está em sintonia com a que faz Elias Jabbour, especialista no processo de desenvolvimento recente do gigante asiático.

“A China é uma sociedade guiada pela ciência, ao contrário do capitalismo mundial, que é pura irracionalidade. A forma histórica com a qual o socialismo se apresenta ao mundo hoje é a da transformação da razão em instrumento de governo”, avalia o professor.

Se há ou não ETs conduzindo a humanidade para novas fronteiras do conhecimento, isso pouco importa. O que chama a atenção é que nessa corrida pela hegemonia geopolítica que tem no desenvolvimento de tecnologias de ponta a nova força do mundo, a China conseguiu elevar a capacidade de planejar a própria economia.

Jabbour elenca duas ocorrências nesse fenômeno de desenvolvimento chinês. A primeira é a capacidade de previsão de futuro em um ambiente econômico muito instável do ponto de vista internacional. 

“A financeirização aumenta a instabilidade financeira econômica do mundo e as crises econômicas são cada vez mais curtas entre um período e outro. A China consegue criar condições de previsibilidade muito grandes para enfrentar essas instabilidades internacionais”, avalia Jabbour.

A segunda ocorrência, na análise do professor, é a enorme capacidade chinesa de intervir sobre o território, como nem a URSS no seu tempo mais duro foi capaz de fazer. Ele explica que quando o domínio do homem sobre a natureza é ampliado, como no caso da China, não é mais possível analisar esse país a partir de marcos conceituais criados há 40 anos, 50 anos. Surgem novos desafios, novas necessidades e novas regularidades a serem descobertas e classificadas.

O alerta de Eisenhower

Nos Estados Unidos, ao contrário, o controle dos avanços tecnológicos e do conhecimento, com ou sem participação extraterrestre, estão centrados na iniciativa privada e em seu opaco e poderoso complexo militar-industrial. Tema que foi tratado pelo presidente Dwight D. Eisenhower em seu famoso discurso de despedida no qual fez advertências sobre a influência crescente desse poder supremo na sociedade estadunidense. 

Confira neste vídeo abaixo, em inglês, a fala do 34º presidente dos Estados Unidos de 1953 até 1961. Antes disso, ele foi um general de cinco estrelas do Exército. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu como o Comandante Supremo das Forças Aliadas na Europa.

Tanto o depoimento dos militares estadunidenses quanto a série documental da plataforma de streaming tem potência para reavivar conspirações governamentais para acobertar evidências da presença de alienígenas na Terra. Lançada no dia 3 de agosto de 2021, a série iniciou uma nova onda de interesse em torno do tema, à semelhança dos anos 1990, um dos períodos mais férteis para o assunto.

É dessa época uma leva considerável de produções que atiçaram o imaginário popular a respeito do tema, como o filme Contato (1997) ou a minissérie Intruders (1992). E, claro, Arquivo X (1993) também merece menção, já que a trama era carregada de conspirações governamentais para acobertar a existência de aliens.

Confira o trailer da série:

* Texto originalmente publicado em 9 de agosto de 2021 e republicado com atualização.

Temas