AVIAÇÃO

O mistério do “voo fantasma” que se manteve no ar sem piloto por 3 horas antes de cair

Caso ocorreu há 18 anos na Grécia e todas as 121 pessoas a bordo morreram; Um botão apertado a tempo poderia evitar a tragédia

Boeing 737-300 da empresa cipriota Hélios.O mistério do “voo fantasma” que se manteve no ar sem piloto por 3 horas antes de cairCréditos: Wikimedia Commons
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Quase 18 anos atrás, em 14 de agosto de 2005, um mistério chocou o mundo, especialmente as pessoas que se interessam por aviação. Naquela data, um avião  Boeing 737-300 da empresa cipriota Hélios, sobrevoou por cerca de 3 horas o céu de Atenas, na Grécia, sem contar com um piloto, até cair. Todas as 121 pessoas à bordo do voo, entre passageiros e tripulação, morreram.

Após anos de investigação, ficou constatado que a aeronave teve problemas de pressurização, o que deixou todos que estavam à bordo sem oxigênio. Nessas condições, passageiros, tripulação e pilotos simplesmente apagaram.

O avião, no entanto, permaneceu voando graças ao seu piloto automático até que o combustível acabasse e uma pane seca o derrubasse.

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De acordo com as investigações, a mesma aeronave já havia apresentado problemas de pressurização e esteve em manutenção referente a esse problema em Lanarca, no Chipre, onde a Helios é sediada. Os mecânicos tiveram de fazer mudanças no próprio painel da aeronave para que pudessem resolver o problema, alterando-o do sistema automático para o manual.

Depois dos reparos, o painel deveria ser posto novamente no automático para que a pressurização ocorresse como de costume, mas isso não foi feito.

Mesmo com o erro dos mecânicos, os procedimentos prévios ao voo preveem que o sistema de pressurização fosse posto no automático antes da decolagem, mas os pilotos também não repararam nesse detalhe mortal.

O voo fantasma

O avião então decolou e conforme ia ganhando altitude, o ar ficava mais rarefeito, com menos oxigênio disponível para a respiração. Com a pressão do ar baixa, um alarme sonoro chamou a atenção do piloto, que não pôde identificar o problema. Há registros de que piloto e copiloto suspeitavam de falhas no sistema de ar-condicionado.

Os pilotos chegaram a fazer contato via rádio com os mecânicos que tinham feito a manutenção da aeronave. Um dos mecânicos contatados chegou a perguntar ao piloto se o sistema de pressurização estava no automático, mas aparentemente ele não entendeu a pergunta.

A falta de oxigênio decorrente da diminuição da pressão do ar em altitudes como as atingidas por um avião podem fazer com que um ser humano perca a velocidade de raciocínio antes de desmaiar. Um botão apertado a tempo, que colocaria o sistema de pressurização no automático, poderia evitar a tragédia.

Quando o avião chegou aos 18 mil pés de altitude, o equivalente a 5486 metros, as máscaras de oxigênio caíram para os passageiros. Alguns ainda conscientes as vestiram, mas o insumo dura apenas 15 minutos. Especula-se que tenham morrido asfixiados enquanto o voo estava no piloto automático.

O voo de número 522 da Helios, mesmo após os pilotos desmaiarem, seguiu seu curso e atingiu a altura de 34 mil pés, ou 10,4 km, seguindo para o seu destino, Atenas. Os órgãos de controle aéreo da região tinham perdido contato com a cabine após 13 minutos da decolagem, e poucos minutos depois, a aeronave já chegada ao seu destino.

No entanto, sem a atuação dos pilotos no comando, não teria como o avião aterrissar. Dessa maneira, o piloto automático fez com que o avião voasse em círculos por quase 3 horas até ficar combustível. Em teoria, aguardava a ação dos pilotos.

Nesse meio tempo, caças da Força Aérea grega saíram em missão para averiguar o que acontecia com o voo. Havia a hipótese de sequestro.

Enquanto se aproximavam do Boeing, os pilotos militares viram um homem, mais tarde identificado como Andreas Prodromou, na cabide dos pilotos, que acenou para os caças. Ele teria conhecimentos de aviação, manteve-se acordado mesmo com a despressurização e tentou, em vão, pousar.

Após o acidente, todos os voos comerciais do mundo agora possuem um alarme característico para avisar os pilotos sobre problemas no sistema de pressurização.