A missão espacial Apollo 11, que levou o homem a pisar na Lua pela primeira vez, em 1969, completou 54 anos nesta quinta-feira (20). Realizada pela Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço, dos EUA), a jornada exigiu alimentos e bebidas que mantivessem a saúde dos astronautas Buzz Aldrin e Neil Armstrong. Entre os recursos levados na exploração do satélite estava uma água brasileira, de acordo com uma empresa paulista.
A Lindoya Verão, envasadora de água mineral, afirma que existe a possibilidade da água ter sido consumida pelos astronautas da Apollo 11. "Até hoje a Nasa não desmentiu", diz ao UOL Marcos Angeli, gerente administrativo da empresa situada em Lindóia, cidade no interior de São Paulo.
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Registros históricos da compra
A Lindoya guarda documentos da época da compra de água pela "Missão M. Americana EUA", registrada em 2 de abril de 1969, cerca de três meses antes da missão. A nota fiscal oficializa a compra de uma grande quantidade de garrafas de água mineral – foram 100 caixas com uma dúzia de unidades, cada garrafa com 500 mL. O total de 600 litros custou à Nasa 226, cruzeiros novos, moeda brasileira vigente na época.
Compradas no Rio de Janeiro, as garrafas de água foram enviadas ao aeroporto Santos Dumont com destino ao Cabo Kennedy, na Flórida. O local é hoje conhecido como Cabo Canaveral, de onde a Apollo 11 foi lançada. A missão durou pouco mais de oito dias entre o lançamento e o retorno ao planeta Terra.
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"Certeza que entrou no foguete nós não temos. Mas é uma história que gostamos de contar", brinca Angeli. Ao chegar na Flórida, o destino da água brasileira tornou-se informação confidencial. Ele afirma que a empresa paulista procurou uma confirmação de que a água teria abastecido os astronautas que pisaram na Lua pela primeira vez. A Nasa devolveu respostas carentes de dados sólidos.
A água mineral escolhida
A água, provinda da fonte São Sebastião, era conhecida pelas propriedades minerais de alta pureza e baixa acidez. "A escolha também foi motivada por anotações de Marie Curie, que ressaltou os efeitos terapêuticos das qualidades radioativas das fontes da cidade", argumenta Angeli. Em 1926, a cientista polonesa visitou o Brasil e abriu caminho para estudos sobre a radioatividade das fontes d'água.
A fonte de São Sebastião surge de gnaisses, rochas metamórficas de médio a alto grau, isto é, aquelas submetidas a temperaturas e pressões elevadas. A gnaisse pode ser formada pelo metamorfismo do granito, uma rocha cristalina, constituída por metais cristalinos. De acordo com o estudo Tratamento Prático de Águas Subterrâneas, feito pelo geólogo francês Gilbert Castany, em 1967, a maioria das rochas cristalinas são radioativas. Em especial, os granitos e rochas semelhantes são mais ricas em rádio, tório e urânio.