Marcas encontradas nos restos de um parente do homo sapiens no norte do Quênia podem trazer descobertas assustadoras. Um estudo do Instituto Smithsonian, nos EUA, concluiu que os antepassados dos humanos praticavam o canibalismo.
Parentes evolutivos, próximos aos humanos, se esquartejavam para a provável prática do canibalismo, de acordo com um estudo do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian. A pesquisa, liderada pela paleoantropóloga Briana Pobiner, se baseia em ossos fossilizados de parentes humanos daquela época e foi publicada na última segunda-feira (26) na revista Scientific Reports.
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O estudo descreve as marcas de corte em uma tíbia esquerda de 1,45 milhão de anos de idade encontrada no norte do Quênia, que pode ser a evidência mais antiga de canibalismo. A paleoantropóloga encontrou a tíbia fossilizada nas coleções do Museu Nacional de Nairobi enquanto procurava pistas sobre os predadores dos antigos parentes humanos. Ao examiná-la em busca de marcas de mordidas de animais extintos, ela descobriu outra coisa.
Para investigar isso, Pobiner fez moldes dos cortes e os enviou ao coautor Michael Pante, da Universidade Estadual do Colorado, que os digitalizou e comparou com um banco de dados de 898 marcas individuais de dentes. A análise determinou que nove das onze marcas correspondiam claramente ao tipo de dano infligido por ferramentas de pedra, e as outras duas eram mordidas de grandes felinos.
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Embora as marcas de corte por si só não provem que o parente humano que as infligiu também tenha comido a perna, Pobiner acredita que isso é o mais provável. "Essas marcas de corte são muito similares às que eu vi em fósseis de animais processados para consumo. Parece mais provável que a carne desta perna tenha sido consumida para se alimentar e não para um ritual", explicou.
Contudo, o canibalismo requer que o que come e o que é comido sejam da mesma espécie. O osso fóssil analisado foi inicialmente identificado como Australopithecus boisei e depois, em 1990, foi reclassificado como Homo erectus. Atualmente, os especialistas concordam que não há informações suficientes para atribuí-lo a uma espécie específica de hominídeo. O uso de ferramentas de pedra também não esclarece qual espécie poderia ter feito os cortes.
Pesquisas recentes de Rick Potts, curador do Museu Nacional de História Natural dos EUA, questionaram a hipótese de que apenas um gênero, o Homo, fabricava e usava ferramentas de pedra. Então, esse fóssil poderia ser um caso de canibalismo ou um simples ataque entre espécies.
Para Pobiner, essa nova e impactante descoberta é uma prova do valor das coleções dos museus, onde "achados surpreendentes podem ser feitos ao dar uma segunda olhada nos fósseis".
Com informações do Infobae.