O desrespeito ao resultado eleitoral cruzou a Ponte de Amizade e chegou ao vizinho Paraguai. Algumas dezenas de apoiadores do candidato do partido Cruzada Nacional, Paraguayo Cubas, conhecido pela alcunha de Bolsonaro Paraguaio - derrotado na eleição presidencial do último domingo (30) - foram presos por atos em diversas regiões do país. O motivo: bloqueios de pontes, cerco ao órgão eleitoral e destruição de viatura policial.
Ao menos 74 apoiadores de Cubas, terceiro colocado no pleito, foram detidos após irem às ruas em protesto, incitados pelo ex-candidato. Em Assunção, apoiadores de Cubas foram para a frente do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE) denunciar fraude pouco após o candidato questionar a legitimidade da votação. Segundo o site de notícias paraguaio, ABC Color, uma viatura da polícia foi incendiada por apoiadores de Cubas na região de Puente Remanso. Dois policiais ficaram feridos. O transporte público foi também foi suspenso em alguns locais.
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Paraguayo Antonio Cubas, 61, é admirador dos ex-presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro. Em um controverso vídeo publicado em suas redes sociais, ele prometeu matar "100 mil brasileiros bandidos". Em 2019, o Senado do Paraguai cassou seu mandato, acusado-o de incitação ao crime, incluindo o genocídio de brasileiros.
Disparate
Em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira, o assessor técnico do TSJE, o órgão que organiza as eleições no Paraguai, Carlos Maria Ljubetic, descartou irregularidades e explicou os procedimentos de controle das atas eleitorais. Ljubetic aseguró que "não existe nenhuma possibilidade de fraude com as máquinas de votação utilizadas no domingo".
Mais cedo, em entrevista à Rádio Monumental, o vice-presidente do órgão, César Rossel, classificou as alegações de fraude de "disparate".
Partido Colorado vence a disputa
Com 99,94% das urnas apuradas, Cubas teve 22,91% dos votos, consolidando-se como a terceira força política do país. O vencedor, Santiago Peña, do Partido Colorado, teve 42,74%, contra 27,48% de Efraín Alegre, candidato da Concertação Nacional (formada por 14 partidos de centro e centro-esquerda). Não há segundo turno no pleito paraguaio.
A Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Paraguai fez um apelo para que todas as denúncias de irregularidade "sejam tramitadas por via institucional em conformidade com a lei e de forma pacífica".