NÃO ALINHADO

Reginaldo Nasser: ida de Lula à China é mais expressiva que visita a Washington

Professor de Relações Internacionais avalia posição 'não-alinhada' do Brasil no mundo

Lula em encontro com o embaixador brasileiro no país, Zhu QingqiaoCréditos: Ricardo Stuckert/PR
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Em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia, o professor de Relações Internacionais Reginaldo Nasser comentou as escolhas políticas do Itamaraty e a comitiva de Lula na China que ocorrerá na próxima semana.

A viagem de Lula a Pequim foi adiada para domingo após o presidente ser diagnosticado com uma “pneumonia leve”.

“O Brasil não pode romper com os EUA”, explica Nasser. “Essa viagem é fundamental e o tom é completamente diferente da feita aos EUA”.

“O Lula vai com 240 pessoas. Muitos empresários, muita gente. E quem foi com ele pra Washington? A diferença é a pauta”, explica, alegando que a comitiva trará mais investimentos ao Brasil.

“A China tirou milhões da pobreza. E o Brasil tem essa preocupação. Além das preocupações de potência”, disse. “A forma de ingresso nas regiões é diferente”, explica.

Para ele, o presidente vai beneficiar o país na viagem. “Ele vai aproveitar bem essa viagem”, completou.

Guerra na Ucrânia

Nasser também avaliou a postura de Mauro Vieira, chefe da diplomacia do nosso país, frente à Guerra na Ucrânia e o suposto alinhamento do governo brasileiro com os desejos de Washington. 

Recentemente, o chanceler afirmou que poderia executar o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional contra Vladimir Putin, caso o russo viesse ao Brasil.

“Ele pode estar falando por si mesmo. Ele pode servir de válvula de escape, porque a fala agrada ao Ocidente em um momento que o Lula está indo para China”, diz Nasser.

“Não tem nada a ver com a política externa do Lula”, completou o professor. O professor argumenta que o Brasil pode adotar uma postura de não-alinhamento, similar à adotada por Nasser, Nehru e Tito durante a Guerra Fria, podendo obter benefícios dos dois pólos de poder à nível internacional.

Ele cita o fortalecimento dos BRICS e de outros países emergentes para parcerias comerciais do Brasil. “O Lula vai entrar nisso. Ele sabe muito bem. Tem legitimidade e circula muito bem nesses lugares”, explica.

Confira a entrevista completa de Reginaldo Nasser ao Fórum Onze e Meia