Os casos de meninas adolescentes envenenadas nas escolas do Irã já passam de centenas. Segundo a imprensa local e os relatos publicados nas redes sociais, as ocorrências tiveram início no final do ano passado e se intensificaram este mês, após alguns episódios mais graves, com necessidade de hospitalização das vítimas, terem sido registrados. A maior parte dos envenenamentos ocorreu na cidade de Qom, local sagrado para o poderoso clero xiita iraniano, mas há também um sério histórico na capital Teerã e em Ardebil.
As autoridades iranianas admitem o problema e até informaram que os casos estão sob investigação de dois ministérios: o da Inteligência e o da Educação. Younes Panahi, vice-ministro da Saúde, assumiu em uma entrevista que as ocorrências são intencionais e provavelmente estão sendo provocadas pelo uso de algum gás “que não seria de uso exclusivamente militar”. Com o crescimento do problema e o aumento da gravidade, pais chegaram a realizar um grande protesto em frente à prefeitura de Qom, mas, na prática, não receberam quaisquer garantias de solução para os ataques criminosos.
Conforme reportado pela imprensa estrangeira e por iranianos dissidentes do regime teocrático, além das próprias autoridades do país islâmico, que passo a passo têm admitido os envenenamentos dessas jovens, há nesses locais, sobretudo em Qom, por conta de seu reconhecido clericalismo ultraconservador, alguns indivíduos que defendem ferozmente o fechamento de todas as escolas, sobretudo daquelas voltadas às meninas. Criar pânico e gerar desconfiança generalizada seriam mecanismos adotados por esses extremistas para que as meninas deixem de frequentar o colégio.
A indignação com a educação feminina aumentou vertiginosamente nesses setores ultrarreacionários após a morte, em setembro de 2022, de Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos que foi presumivelmente torturada até perder a vida pela “polícia moral”, em Teerã. Ela havia sido detida por problemas relacionados ao não uso, ou uso incorreto, do véu islâmico, obrigatório para todas as mulheres na nação persa.
Nas redes sociais, crescem os vídeos que mostram meninas agonizando, jogadas no chão de estabelecimentos de ensino, envenenadas, aguardando socorro. Há registros também dos paramédicos atendendo as adolescentes, assim como de hospitalizações dessas vítimas.
Veja os vídeos de socorro e de hospitalização das alunas: