CHINA EM FOCO

Balão da discórdia: China chama de "manipulação política" a decisão do Congresso dos EUA de investigar episódio

Pequim reagiu ao novo capítulo da polêmica; Legislativo e diplomacia chineses criticaram o anúncio das investigações por parlamentares estadunidenses

Créditos: Diário do Povo - Mais alta legislatura da China reagiu à decisão do Congresso dos EUA de investigar incidente do balão
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Em mais um capítulo sobre a polêmica do balão chinês abatido pelas forças armadas dos EUA no céu do país, agora o Congresso Nacional estadunidense vai investigar o episódio. A China reagiu à decisão e, nesta quinta-feira (16), a Assembleia Nacional Popular (ANP), a mais alta legislatura chinesa, e o Ministério das Relações Exteriores fizeram comentários

No início desta semana, na segunda-feira (13), o líder democrata do Senado dos EUA, Chuck Schumer, anunciou que o Congresso analisará objetos aéreos não identificados que invadiram o espaço aéreo do país e do Canadá e por que não foram encontrados antes. O senador afirmou que será realizado um 'exame bipartidário cuidadoso' dos incidentes.

O legislativo chinês condenou fortemente a decisão dos parlamentares dos EUA. Nesta quinta-feira, em comunicado, o Comitê de Relações Exteriores da ANP se opôs firmemente à medida. "A chamada resolução sobre o uso pela China de um balão de alta altitude sobre o território dos EUA promoveu a "ameaça da China", que nada mais é do que propaganda maliciosa e manipulação política", ressaltou a declaração.

A mensagem enfatizou ainda que a China, como país responsável, sempre cumpre rigorosamente o direito internacional, respeita a soberania e a integridade territorial de todos os países e não tem intenção de violar o território e o espaço aéreo de qualquer estado soberano.

Além disso, o posicionamento do legislativo chinês denunciou o uso do caso por certos políticos dos EUA para atiçar as chamas e frisou que é Washington que interfere arbitrariamente nos assuntos internos de outros países, infringe a soberania e espiona outros países.

A declaração enfatizou também que um relacionamento baseado em resultados ganha-ganha e respeito mútuo é do interesse fundamental das pessoas na China, assim como nos EUA, e esperado pela comunidade internacional. 

Por fim, o comunicado instou o Congresso dos EUA a respeitar os fatos, o espírito do direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais, e interromper a prática errada de caluniar a China e tomar medidas que agravem a situação.

MRE - Porta-voz Wang Wenbin

Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Wang Wenbin comentou a resolução dos parlamentares dos EUA em coletiva de imprensa nesta quinta-feira. Ele ressaltou que a medida "ignora fatos básicos e nada mais é do que manipulação política e campanha publicitária maliciosa."

"A China pede fortemente ao Congresso dos EUA que respeite os fatos, o espírito do direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais, pare imediatamente de caluniar a China e tome medidas que agravem a situação", afirmou Wang.

China-EUA: cooperação bilateral alinhada com os interesses de dois povos

Xinhua - Porta-voz do Ministério do Comércio, Shu Jueting

Em contraponto à troca de farpas sobre o 'balão da discórdia', o Ministério do Comércio da China emitiu uma declaração nesta quinta-feira (16) na qual afirma que a cooperação econômica e comercial sino-estadunidenses está de acordo com os interesses dos dois países e que é importante para o crescimento econômico mundial. 

O pronunciamento foi feito pela porta-voz da pasta, Shu Jueting. Ela citou que as estatísticas de ambos os lados mostraram que os valores do comércio bilateral dos dois países atingiram recordes em 2022. 

Esse resultado, comentou Shu, reflete a resiliência das relações comerciais China-EUA, demonstra que as estruturas econômicas dos dois países são complementares e que o comércio bilateral é mutuamente benéfico e ganha-ganha.

Shu disse que a Câmara Americana de Comércio na China (AmCham China) declarou recentemente que, para as empresas dos EUA, o mercado chinês "não é uma opção, mas uma obrigação" e que a AmCham China trabalhará com as empresas associadas para aproveitar novas oportunidades de desenvolvimento.

Ela também mencionou que o Conselho Empresarial EUA-China acredita que o "acoplamento" entre os Estados Unidos e a China é uma boa estratégia que beneficiará os povos dos dois países. "A China sempre aderirá à cooperação aberta e fornecerá oportunidades para o mundo por meio de seu próprio desenvolvimento", finalizou.

Em artigo, Xi Jinping alerta que cenário econômico chinês deste ano é complicado

Reprodução internet

Na China, o cenário econômico para este ano de 2023 será complicado e exigirá avaliar a situação global, focar nos grandes problemas, como melhorar as expectativas da população e aumentar a confiança no desenvolvimento. Essa é a leitura feita pelo presidente chinês, Xi Jinping, em artigo publicado nesta quinta-feira (16) no Qiushi Journal, uma das principais publicações do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh)

O texto de Xi enfatiza que os esforços para expandir a demanda interna devem priorizar a recuperação e expansão do consumo e impulsionar efetivamente o investimento de toda a sociedade por meio de investimentos governamentais e incentivos políticos.

Esforços também devem ser feitos para desempenhar plenamente o papel coadjuvante das exportações na economia e acelerar a transformação da China em um comerciante de qualidade, aponta o artigo.

No que diz respeito à modernização do sistema industrial do país, Xi aponta que a China tem o sistema industrial mais completo e um mercado interno com maior potencial do mundo. Ele exorta ainda esforços para melhorar a resiliência do país e a segurança das cadeias industriais e de abastecimento, ao mesmo tempo que presta muita atenção à resolução dos pontos fracos e ao reforço dos pontos fortes.

O presidente chinês apelou para garantir a circulação suave na economia e diz que a economia da China deve garantir a segurança nacional, atendendo às necessidades básicas de vida das pessoas, bem como o funcionamento normal da infraestrutura e das indústrias básicas.

"A China também deve acelerar e atualizar seu sistema industrial planejando com antecedência em áreas-chave e modernizando de forma abrangente seu sistema industrial, de modo a consolidar sua posição de liderança em indústrias tradicionais vantajosas e criar nova competitividade."
Xi Jinping, presidente da República Popular da China, em artigo para o Qiushi Journal

O artigo enfatiza ainda a importância de continuar as reformas para desenvolver a economia socialista de mercado e implementar solidamente o princípio de consolidar e desenvolver inabalavelmente o setor público, encorajando, apoiando e orientando o desenvolvimento do setor não público."É imperativo aprofundar a reforma do capital estatal e das empresas estatais (SOEs), ao mesmo tempo em que aumenta a competitividade central das SOEs", destaca o texto.

Segundo Xi, o cenário econômico também exige esforços para melhorar o ambiente de desenvolvimento para empresas privadas e promover o desenvolvimento e a expansão do setor privado. Observa também que a competição internacional para atrair investimentos está se tornando mais intensa, o artigo pede mais esforços para atrair e utilizar investimentos estrangeiros.

Esforços devem ser feitos para expandir o acesso ao mercado, melhorar de forma abrangente o ambiente de negócios e fornecer serviços direcionados a empresas com capital estrangeiro, afirma Xi no texto.

O artigo pede esforços para prevenir e neutralizar de forma eficaz os principais riscos econômicos e financeiros, incluindo os riscos sistêmicos decorrentes do setor imobiliário, riscos financeiros e riscos de dívida do governo local.

"Ainda há muito trabalho importante a ser feito em 2023, observa Xi. Ele finaliza citando tarefas como o avanço da revitalização rural em todas as frentes e o planejamento de uma nova rodada de reformas em todos os setores.

China impulsionará crescimento de alta qualidade do setor manufatureiro

Xinhua

A China tem se movido para promover o desenvolvimento de alta qualidade do setor manufatureiro do país, em meio a esforços para promover uma nova industrialização e modernização industrial. A declaração foi feita pelo funcionário do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação,  Bi Kaichun, nesta quinta-feira (16).

Segundo Bi, serão tomadas medidas para implementar os padrões avançados do sistema de gestão de qualidade do país no setor de manufatura. Também serão feitos esforços para ajudar as pequenas e médias empresas (PMEs) a melhorar seu desempenho comercial por meio da melhoria da qualidade e da construção da marca, e promover mais PMEs especializadas e inovadoras.

O país também fortalecerá a inovação e aplicação de tecnologias de confiabilidade, bem como a base tecnológica da indústria, para fornecer mais serviços às empresas, acrescentou Bi.

No início deste mês, a China divulgou um esboço para melhorar a qualidade geral da economia e aumentar a influência das marcas chinesas, em uma tentativa de promover um desenvolvimento de alta qualidade.

Preços de casas na China sobem em janeiro com aquecimento do mercado

CFP - Conjunto habitacional em Pequim.

Os preços das casas na China em 70 grandes cidades subiram em janeiro, depois de ficarem moderados por meses após políticas favoráveis e crescente otimismo para o mercado imobiliário.

Dados oficiais mostraram que os preços das novas residências nas quatro principais cidades da China – Pequim, Xangai, Shenzhen e Guangzhou – subiram 0,2% após um mês estável em dezembro.

Os preços das casas novas em cidades menores de segunda linha subiram 0,1% em janeiro, após uma queda de 0,3% em dezembro.

Das 70 cidades grandes e médias, 36 delas registraram aumentos mensais nos preços das novas residências no mês, 21 a mais do que o número observado em dezembro.

No ano passado, a China introduziu uma série de novas medidas para fortalecer o mercado imobiliário, incluindo facilitar o financiamento de capital para empresas imobiliárias e incentivar os governos locais a adotar políticas específicas da cidade.

Essas políticas se estendem até este ano, com 50 governos locais emitindo políticas favoráveis para reforçar a demanda por moradias, incluindo a redução dos pagamentos iniciais e o corte das taxas de hipoteca, segundo dados do think tank China Index Academy.

Com informações da Xinhua e CGTN