A novela do balão chinês abatido pelas Forças Armadas dos EUA sofreu uma reviravolta. Nesta terça-feira (14), o periódico estadunidense Washington Post publicou uma matéria que confirma a versão de Pequim de que o aparato era civil e para fins de pesquisas meteorológicas e de que o desvio da rota foi acidental.
A matéria revelou que o Pentágono e a inteligência dos EUA estavam cientes de um suposto balão espião chinês desde o momento em que foi lançado na ilha de Hainan, ao sul da China continental. O texto cita funcionários não identificados e confirma que Washington estava ciente do balão quase uma semana antes do que eles reconheceram publicamente.
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Os EUA inicialmente pensaram que o balão estava indo para Guam, mas as autoridades ficaram surpresas quando ele deu uma guinada abrupta e inesperada para o norte sobre o Oceano Pacífico.
O balão entrou pela primeira vez no espaço aéreo dos EUA sobre as Ilhas Aleutas, no Alasca, em 28 de janeiro, depois sobrevoou o Canadá e atravessou o continente americano nos dias seguintes, antes que caças americanos o derrubassem na costa da Carolina do Sul em 4 de fevereiro.
Agora, informa a reportagem, as autoridades avaliam a possibilidade de seu desvio de curso ter sido um acidente, já que a virada para o norte parecia coincidir com uma forte frente fria que avançava pelo leste da Ásia.
Os EUA insistem que o governo chinês se aproveitou do desvio norte-americano do balão, mesmo que não fosse o plano. As autoridades se apagaram à versão de que o caminho do aparato sobre uma instalação de armas nucleares em Montana foi intencional.
Pequim mantém a explicação dada desde o início da polêmica de que o desvio do balão foi acidental e que se trata de um aparato civil e para fins de pesquisa científica.
Invertida em repórter da Bloomberg
Em mais um desdobramento do episódio do balão da discórdia, nesta quarta-feira (15), durante entrevista coletiva em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, respondeu de forma enfática a uma pergunta capciosa de um jornalista da Bloomberg.
O repórter questionou se os e os diplomatas chineses e os meios de comunicação estatais estariam tentando desviar a atenção do público do incidente do balão ao levantar questões sobre o envolvimento dos EUA na explosão do oleoduto Nord Stream além do derramamento de produtos químicos do descarrilamento do trem em Ohio.
Wang respondeu que os gasodutos Nord Stream são uma infraestrutura transnacional vital. Ele observou que as explosões tiveram um sério impacto no mercado global de energia e no meio ambiente ecológico.
"Se Seymour Hersh, um conhecido jornalista investigativo dos Estados Unidos, está dizendo a verdade sobre o envolvimento dos Estados Unidos nas explosões, o que ele revelou é claramente inaceitável e deve ser respondido. Os EUA devem ao mundo uma explicação responsável", afirmou Wang.
O porta-voz questionou ainda o motivo pelo qual há pouca cobertura de alguns meios de comunicação aclamados como livres, profissionais e imparciais sobre o último relatório investigativo sobre o bombardeio dos gasodutos Nord Stream e o vazamento químico causado pelo descarrilamento de trem nos EUA. "Com base no que vimos, isso não é novidade", finalizou.
O Nord Stream refere-se a dois dos gasodutos que vinham fornecendo à Alemanha e grande parte da Europa Ocidental gás natural russo barato por mais de uma década. De acordo com matéria de Hersh, no dia 26 de setembro de 2022 a estrutura explodiu e tirou três dos quatro gasodutos em funcionamento de operação
China vai reagir a entidades dos EUA que minam sua soberania
A China tomará contramedidas contra entidades dos EUA que minaram sua soberania depois que Washington colocou seis entidades chinesas em uma lista de controle de exportação citando a entrada de um dirigível civil chinês no espaço aéreo dos EUA, anunciou o Ministério das Relações Exteriores da China nesta quarta-feira (15).
O lado chinês deixou claro repetidas vezes para o lado dos EUA que o incidente envolvendo o dirigível foi um evento puramente não intencional, inesperado e isolado causado por força maior, afirmou Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma coletiva de imprensa em Pequim.
"No entanto, os EUA usaram obstinadamente a força em um ato de reação exagerada que agrava a situação e a usaram como pretexto para impor sanções ilegais a empresas e instituições chinesas", disse Wang.
A China se opõe firmemente a isso e tomará contramedidas contra as entidades americanas relevantes que minam a soberania e a segurança da China de acordo com a lei para salvaguardar resolutamente sua soberania nacional e direitos e interesses legítimos, disse ele.
O Ministério do Comércio da China também criticou na terça-feira (14) a lista negativa dos EUA. O órgão informou que a medida prejudica a segurança e a estabilidade das cadeias de suprimentos globais e inibe a recuperação e o crescimento econômico mundial.
Durante o briefing de quarta-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China também disse que, desde maio passado, os EUA lançaram um grande número de balões de alta altitude de seu território, que continuamente circularam o globo e sobrevoaram ilegalmente o espaço aéreo da China, incluindo Xinjiang e Tibete, pelo menos 10 vezes sem a aprovação das autoridades chinesas relevantes.
A China respondeu aos balões dos EUA de maneira calma e profissional, acrescentou Wang. Ele instou os EUA a pararem de difamar o lado chinês ou enganar o público americano e a comunidade internacional.
"A China se reserva o direito de dar mais respostas, se necessário", finalizou o porta-voz.
SCO comenta sobre o abate de dirigível chinês pelos EUA
A Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), uma entidade de cunho político, econômico, de segurança internacional e de defesa da Eurásia com sede no centro financeiro da China, também se posicionou sobre o balão da discórdia.
O secretário-geral da SCO, Zhang Ming, declarou nesta quarta-feira (15) que os Estados Unidos violaram o espírito da lei internacional e da prática internacional quando derrubaram um dirigível chinês não tripulado.
Zhang fez as observações ao responder a uma pergunta sobre o dirigível civil não tripulado, que o Departamento de Defesa dos EUA derrubou com mísseis. Ele relembrou que o governo chinês explicou várias vezes que era um dirigível civil não tripulado usado para fins de pesquisa meteorológica e outros. Afetado por fatores climáticos, o dirigível desviou-se muito de seu curso planejado, situação causada por força maior.
O Departamento de Defesa dos EUA disse que o dirigível não representaria uma ameaça militar ou pessoal ao pessoal de terra, mas o lado dos EUA insistiu em usar a força para abater o dirigível, uma clara reação exagerada que violou o espírito da lei internacional e da prática internacional, comentou Zhang.
Ele disse ainda que a SCO sempre sustentou que todos os países devem cumprir os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, abster-se do uso da força e da ameaça de uso da força e resolver disputas internacionais por meios pacíficos, como negociação e consulta.
China lançará 2 naves espaciais tripuladas mais espaçonaves de carga anualmente a partir deste ano
Após a conclusão da Estação Espacial da China no final de 2022, a China divulgou nesta quarta-feira (15) o roteiro para este ano com duas naves espaciais tripuladas programadas e 1 a 2 missões de espaçonaves de carga.
A Agência Espacial Tripulada da China (CMSA, da sigla em inglês) também começou a solicitar opiniões públicas pela primeira vez para designs de logotipo para as missões espaciais tripuladas em 2023.
Para ajudar o público a entender as características dessas missões espaciais e estimular suas inspirações criativas, a CMSA detalhou e especificou as tarefas em um anúncio na quarta-feira.
De acordo com a agência as espaçonaves tripuladas Shenzhou-16 e Shenzhou-17 serão lançadas em maio e outubro e serão acopladas ao módulo central da estação espacial Tianhe.
Durante as duas missões espaciais tripuladas, os astronautas vão realizar atividades extraveiculares (EVA), ou caminhadas espaciais. Enquanto isso, os taikonautas vão realizar experimentos científicos e tecnológicos no espaço, atuar pela popularizarão da educação científica e outras atividades espaciais.
Além das missões tripuladas, a espaçonave de carga Tianzhou-6 será enviada a Tiangong em maio para entregar necessidades, consumíveis, peças sobressalentes de manutenção, cargas experimentais e propulsores, bem como trazer resíduos em órbita de volta à Terra.
Desde a conclusão da estação espacial chinesa no final de 2022, a China planeja lançar anualmente duas espaçonaves tripuladas e uma ou duas espaçonaves na estação espacial tripulada Tiangong, que atualmente consiste no módulo central Tianhe, nos módulos de laboratório Wentian e Mengtian, no Nave espacial Shenzhou-15 e a espaçonave cargueira Tianzhou-5.
O espaço total da estação espacial chinesa é de cerca de 110 metros cúbicos, que pode acomodar seis astronautas ao mesmo tempo.
A CMSA projeta logotipos de tarefas para cada missão desde a missão Shenzhou-5 em 2003. Particularmente, as 12 marcas de tarefas planejadas e projetadas durante o estágio de construção da estação espacial desempenharam um papel ativo na formação da imagem da marca do projeto e na promoção do espírito de voo espacial tripulado.
A agência chinesa incentiva todos os indivíduos, pessoas jurídicas e organizações que são amantes do espaço tripulado da China a propor ideias que reflitam plenamente os elementos chineses, características da missão espacial tripulada, com distintas implicações científicas e artísticas.
Além disso, a sistematização, coordenação e continuidade das três identificações de tarefas devem ser consideradas.
O prazo para solicitação pública será em 6 de março de 2023, com votação online seguida e os resultados a serem anunciados.
Intercâmbios culturais internacionais recuperam vitalidade
Os intercâmbios culturais internacionais chineses têm recuperado vitalidade após o relaxamento das medidas de enfrentamento à Covid-19, com produções estrangeiras chegando à China e artistas chineses indo para o exterior.
Produzida conjuntamente pela Ópera de Xangai e pelo Grande Teatro, "La Bohème", uma das óperas mais executadas do mundo, chegou a Xangai, no leste da China. Co-dirigido por Yang Jingze, da China, e Marco Carniti, da Itália, funde o trabalho de Giacomo Puccini com algumas ideias novas da China. Esta versão da ópera se passa no futuro, sustentada pelas questões atuais das mudanças climáticas.
Carniti foi um dos primeiros artistas estrangeiros a vir para a China após o relaxamento das restrições de entrada na fronteira em janeiro. Esta é a segunda vez que ele trabalha com a Ópera de Xangai.
"Gosto muito de trabalhar com esses artistas chineses. A união entre mim e os artistas chineses é um momento mágico, para eles e para mim. A experiência que tenho, agora neste momento, será muito importante para minha vida para o futuro", disse Carniti.
Mesmo em meio à pandemia, Carniti colabora remotamente com a Ópera de Xangai há mais de um ano. As fronteiras foram fechadas, mas a troca continuou.
O presidente da Ópera de Xangai, Xu Zhong, informou que várias apresentações serão realizadas em Xangai este ano, incluindo a versão chinesa do musical de sucesso "O Fantasma da Ópera".
"A estreia de 'La Bohème' abre as cortinas para a Ópera de Xangai nesta temporada, seguida pela obra-prima 'Tosca', e também teremos duas obras-primas de Wagner este ano", antecipou Xu.
A comunicação cultural tem sido fortalecida à medida que mais peças internacionais chegam aos cinemas chineses e mais atores chineses viajam para se apresentar no exterior.
Em um desenvolvimento inédito, um show de comédia stand-up da China está viajando para a América do Norte. A turnê mundial Xiaoguo Standup City Roaming-2023 trouxe comediantes chineses para o público no exterior.
O comediante stand-up da Xiaoguo Comedy, Liang Haiyuan, comenta que o sentimento é de reunião. "Planejamos isso por tanto tempo e finalmente conseguimos. Embora seja a primeira vez que encontramos o público aqui, também sentimos amor à primeira vista. Durante nossa primeira apresentação no exterior em Seattle, fizemos o show de comédia stand-up, e o público ficou muito feliz em rir, aplaudir e torcer. Recebemos cada vez mais feedback. Estamos muito felizes e ansiosos por isso", disse.
Liang comentou ainda que a experiência no exterior ampliou sua visão e o inspirou a gerar mais ideias. Ele espera se apresentar em inglês na próxima vez, alcançando e influenciando mais pessoas em todos os cantos do mundo.
Com informações da Xinhua, CGTN e Global Times