CRIME INTERNACIONAL

Golpe do Amor: Político estrangeiro é usado por bandidos brasileiros e colombianos

Os criminosos utilizaram a foto do prefeito de uma cidade da Moldávia, seduziam mulheres brasileiras no WhatsApp e roubavam grandes quantidades de dinheiro

O prefeito de Balti, na Moldávia, Renato Usatii.Créditos: Wikimedia Commons
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Qual a relação do prefeito de Balti, uma cidade do interior da Moldávia, no leste europeu, com uma quadrilha de criminosos brasileiros e colombianos? O político Renato Usatii foi envolvido no chamado Golpe do Amor.

Os criminosos utilizaram uma foto de Usatii no WhatsApp para seduzir e roubar principalmente mulheres brasileiras.

Recebi muitas mensagens em português desde o ano passado e não compreendia a razão. Não apenas do Brasil, mas também de mulheres da Colômbia, Argentina e República Dominicana. São centenas de vítimas”, declarou o político, de acordo com reportagem de Cláudia Castelo Branco, no UOL.

Ele relatou que tentava explicar que se tratava de um golpe, mas não obtinha êxito: “Não falo português ou espanhol, apenas inglês e um pouco e francês”.

A investigação conseguiu seguir o dinheiro e mapeou os valores até chegar a quatro suspeitos, que estão presos em São Paulo.

Usatii contou que recebeu mensagens pelo Instagram de filhos de vítimas, porque suas mães não acreditavam que era um golpe: “Senhor Renato, minha mãe está apaixonada pela sua foto”, dizia uma.

Também havia pedidos para que ele devolvesse o dinheiro roubado: ‘Se você mudar para outro país eu vou até a polícia’. “E eu respondia: Por favor, vá até a polícia”.

Os apelos foram tantos que houve até um pedido para que o relacionamento virtual prosseguisse. “Sei que você não é a pessoa por trás da foto, mas eu te amo e eu quero continuar conversando com você”.

O caso tomou tamanha proporção que uma das mulheres passou a seguir a namorada do político no Instagram. Ela encaminhou a seguinte mensagem: “Seu namorado não é seu namorado. É um scammer (golpista virtual). Seu nome é Emanoel Bernardo”.

“Minha namorada ficou assustada com as primeiras mensagens, mas sabe que meu nome é Renato. E não precisei convencê-la sobre isso”, destacou.

O moldavo acredita que imagens de outras figuras públicas de países distantes do Brasil podem estar sendo utilizadas no mesmo tipo de golpe.

“Basta colocar minha foto no Google para saber que sou uma figura pública e não esse tal Emanoel. Eu nunca estive no Brasil. Se usassem imagens do Brasil seria mais fácil identificar o golpe”, acrescentou Usatii.

Como funciona o Golpe do Amor

Primeiramente, os bandidos usam a imagem de uma figura pública em uma conta no WhatsApp e enviam mensagens aleatórias para um grande número de mulheres. Algumas respondem às mensagens e são seduzidas por conversas de um dos criminosos. O golpista afirma que é estrangeiro e, por isso, fala português com sotaque.

Em determinado momento, o homem diz que conseguiu uma gratificação profissional e que vai se mudar para o Brasil para morar com a vítima, que já está envolvida.

Ele convence o alvo a receber sua bagagem com um suposto dinheiro escondido por meio de uma transportadora. Para completar o golpe, depois disso, mulheres que pertencem à quadrilha entram em contato e se identificam como sendo funcionárias da transportadora. Elas pedem dinheiro às vítimas para liberar a bagagem. Dessa forma se concretiza o golpe.