10 ANOS DA MORTE DE MANDELA

Nelson Mandela terrorista? Entenda como essa história se originou

Até 2008, líder sul-africano e Nobel da Paz pela luta contra o Apartheid figurava na lista de terroristas dos EUA

Nelson Mandela em discurso na ONUCréditos: Flcikr/UNIS Vienna
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Nesta terça-feira (5), completam dez anos da morte do líder sul-africano Nelson Mandela, aos 95 anos, muitos dos quais dedicados à luta contra o racismo na África do Sul.

Após mais de 27 anos preso por sua atuação contra o regime do Apartheid no país africano, entre 1962 e 1990, Mandela se tornou um símbolo de paz no mundo. Em 1993, ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Em 1994, foi eleito presidente da África do Sul, quando, até 1999, conduziu uma política de reconciliação nacional para tentar trazer a convivência entre cidadãos de diferentes etnias à normalidade.

No entanto, essa figura aparentemente unânime já foi considerada terrorista, imagem que se mantém na cabeça de alguns.

Mandela terrorista?

Em 2020, o Movimento Brasil Livre (MBL), após publicação do então ex-presidente Lula homenageando Nelson Mandela, chamou o Nobel da Paz de “terrorista” que "chegou a assassinar negros dissidentes, causar incêndios e torturas como intimidações, inclusive de negros que não queriam aderir as causas".

O fato é um exemplo da visão que alguns segmentos políticos ainda mantêm sobre o líder sul-africano, decorrentes de seu período de atuação no braço armado do seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês).

Após ter o partido banido pelo governo sul-africano, em 1961, e em resposta ao massacre de Sharpeville, quando 69 manifestantes negros foram mortos pela polícia, Mandela passou a liderar a organização paramilitar de resistência, a “MK” (Umkhonto we Sizwe, traduzida da língua zulu como “Lança da Nação”).

Mesmo se tornando um símbolo de paz e de combate ao racismo nos anos seguintes, Nelson Mandela seguiu na lista de terroristas dos Estados Unidos até 2008, apenas 15 anos atrás. Até a data, o líder e outros integrantes do ANC não poderiam entrar nos EUA sem uma autorização especial, exceto na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.