CZAR PUTIN

Em plena guerra, PIB da Rússia cresce mais que o da Alemanha, EUA e Brasil

Aumento de 18% no salário mínimo elegerá Putin para um quinto mandato

Czar.Se reeleito em 2024, como "candidato de todos os russos", Putin vai governar tanto quanto StálinCréditos: Wikipedia
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Mesmo sob as sanções mais complexas já impostas a uma economia euro-asiática em tempos modernos, o Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia deve crescer 3,5% este ano, na previsão do presidente Vladimir Putin.

O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas por um país em um ano.

Segundo a Rosstat, o IBGE russo, a economia do país cresceu a um ritmo de 5,5% no terceiro trimestre de 2023.

O FMI, que deixou de compilar informações sobre a economia russa, informou que dos paises pesquisados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) só a Índia cresceu mais no período, 7%.

A China (4,9%), a Indonésia (4,9%) e a Turquia (4,5%) cresceram acima da média, possível reflexo da guinada da economia mundial em direção à Ásia.

A área do Euro, responsável pelas mais duras sanções contra a Rússia, ficou estagnada.

O Reino Unido e a França cresceram 0,6% e a Alemanha teve um trimestre recessivo (menos 0,4%).

O México cresceu no período 3,3%, os Estados Unidos 3% e o Brasil 2,5%.

Segundo a Eurostat, entre fevereiro de 2022 e setembro de 2023, o valor das importações russas da União Europeia caiu 81%.

Tropas russas invadiram a Ucrânia em fevereiro de 2022.

As importações da UE relacionadas a petróleo russo cairam de 28% do total no terceiro trimestre de 2022 para 3% no mesmo trimestre de 2023.

De acordo com a Statista, no primeiro trimestre de 2023 a Rússia ainda fornecia 17% do gás natural via gasoduto consumido na Europa, atrás da Noruega (46%).

Quanto ao GLP, transportado por navios, no mesmo período os Estados Unidos assumiram a liderança (40%), contra 13% da Rússia.

QUAL O SEGREDO?

Os números indicam que os preços de energia tiveram grande impacto nas economias da União Europeia.

Os Estados Unidos ganharam mercado tirando proveito da redução das exportações russas.

Desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, que os Estados Unidos e a UE consideram ilegal, já foram impostas doze rodadas de sanções contra Moscou.

A Rússia, no entanto, tomou contra-medidas. Por exemplo, baniu as importações de alimentos do Canadá, Estados Unidos e União Europeia.

Moscou está no centro de um mercado consumidor de quase 150 milhões de habitantes.

Depois da invasão da Ucrânia, milhares de empresas ocidentais reduziram sua presença ou deixaram de operar completamente na Rússia, dentre elas a Danone, H&M, Nestle, Nike, Unilever, BP, Exxon Mobil, Shell, Citigroup, Bank of America, Goldman Sachs, Visa, Mastercard, Deutsche Bank, Apple, Nokia, Nissan, Siemens, Volvo, McDonald's, Google, Microsoft, PepsiCo, Starbucks e Netflix.

Porém, de acordo com o FMI a taxa de desemprego na Rússia em outubro de 2023 era de 3,3%, a mesma da Alemanha mas menor que a dos Estados Unidos (3,6%), do Reino Unido (4,2%), da França (7,4%) e do Brasil (8,3%).

Ou seja, as operações destas empresas foram assumidas por grupos russos ou de investidores de países que não aderiram às sanções.

Vendendo petróleo com desconto, desde que invadiu a Ucrânia a Rússia mudou completamente seu portfólio de exportação de energia: em setembro de 2023, a China totalizava 46% das exportações de energia de Moscou, a Índia 20%, a Turquia 17%, a União Europeia 13% e o Brasil 4%.

Não é possível estabelecer uma correlação entre energia barata e o crescimento significativo da Índia (7%) e da Turquia (4,5%) no terceiro trimestre de 2023.

Porém, as estatísticas sugerem que a Rússia conseguiu fazer um giro em direção aos mercados asiáticos que compensou a perda de mercados na União Europeia e nos Estados Unidos.

Entre janeiro e setembro de 2023, a Rússia teve um superávit comercial superior a U$ 100 bilhões.

De acordo com estatísticas oficiais da China, os negócios entre os dois países bateram recorde entre janeiro e novembro de 2023, atingindo o equivalente a U$ 218 bilhões.

REAÇÃO DAS MÃES E SALÁRIO MÍNIMO

O grande risco político para Vladimir Putin é a reação das mães dos soldados que já servem há quase dois anos na guerra contra a Ucrânia, sem rodízio.

Em recente entrevista, no entanto, ele disse que até o final deste ano 500 mil homens assinarão contrato para servir às Forças Armadas.

Também disse que em janeiro a Rússia aumentará em 18% o salário mínimo.

A base política de Putin está no interior da Rússia. São os "esquecidos" por Boris Ieltsin, que promoveu a reforma neoliberal no país depois do colapso da União Soviética.

Putin concorrerá ao quinto mandato em 2024 como "independente", não pelo partido Rússia Unida.

Se eleito, ficará no poder até 2030, tanto tempo quanto Josef Stálin.

Pode se dizer que será uma "coroação".

Em 2018, Putin se elegeu com 76,69% dos votos. Em segundo lugar ficou Pavel Grudinin (Partido Comunista), com 11,77%.

Desde então, Pavel teve sua candidatura à Duma, o Parlamento russo, bloqueada, sob a alegação de que tinha ações de uma empresa em Belize, na América Central.

Ele não é um comunista-raiz, mas um milionário que atua no setor agrário.

Os adversários políticos de Putin, por coincidência, em geral acabam no exílio, na cadeia ou envenenados.

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