Uma medida revoltante tomada pela Justiça do Mississipi, nos Estados Unidos. Assim pode ser definida a decisão sobre um menino negro, de apenas 10 anos, morador de Senatobia, condenado a três meses de prisão, em liberdade condicional, só por sido flagrado fazendo xixi em público.
O garoto ainda foi acusado de ser uma criança que “precisava de supervisão”. Ele será obrigado a consultar um oficial de condicional uma vez por mês durante um período de 90 dias.
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O menino ainda terá de escrever um relatório de duas páginas a respeito de Kobe Bryant, ex-astro de basquete, morto em um acidente de helicóptero em 2020. O garoto está na terceira série do ensino fundamental.
A criança foi presa pela polícia de Senatobia no dia 10 de agosto, após um policial perceber que o menino estava fazendo xixi atrás do carro da mãe.
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Carlos Moore, advogado da família, informou que não havia banheiro público no prédio do escritório onde a mãe do menino estava. “Ele fez o que qualquer pessoa razoável faria: urinou ao lado do carro, atrás da porta, sem se expor a ninguém. Ele não teria sido preso, processado ou sentenciado se fosse de qualquer outra cor ou raça, além da negra”, avaliou o advogado.
Latonya Eason, mãe do garoto, ainda afirmou que não está certa de que o fato de o filho ser negro tenha influenciado a prisão e a condenação. Porém, em entrevista à NBC, ela denunciou que a criança foi maltratada durante todo o processo.
A mãe relatou que, no dia em foi preso, o filho foi colocado em uma cela. “A prisão fez com que ele não confiasse mais em policiais e tivesse medo deles”, afirmou ela.
Até o chefe da polícia repudiou a prisão
Até mesmo o chefe do departamento de polícia de Senatobia repudiou a ação que levou o menino à cadeia. Para ele, as decisões do oficial que prendeu o garoto violaram as políticas de como lidar com situações como a que ocorreu com a criança.
Um dos agentes não trabalha mais no departamento e o outro vai encarar uma punição disciplinar. Além disso, todos os policiais do departamento passarão por um treinamento obrigatório a respeito de que forma lidar com incidentes envolvendo crianças e adolescentes.
“Meu filho está passando por muitas dificuldades após ser preso e depois ter que procurar um oficial de condicional e depois escrever uma redação, não acho que seja certo ou justo”, declarou Latonya.
“Não vamos recorrer. Ele não tem antecedentes criminais e essa prisão não ficará marcada, pois a sentença foi de liberdade condicional. E ele é fã de Kobe Bryant, então não se importa em escrever o relatório de duas páginas, mas, ainda assim, o correto seria ele não ter que fazer nada. Ele deveria estar aproveitando as férias de Natal como as outras crianças”, afirmou o Moore.
Pedro Serrano não poupa críticas à decisão
O jurista brasileiro Pedro Serrano não está tão conformado quanto o advogado que acompanhou o caso. Ele usou as redes sociais para demonstrar toda revolta com a decisão injustificável da Justiça estadunidense.
“Barbárie inaceitável, absoluta degeneração do direito e da democracia em alguns estados dos EUA”, definiu Serrano.