Outra polêmica envolvendo a marca espanhola de roupas “fast fashion”, Zara, veio à tona com o lançamento de uma campanha publicitária que se assemelhava às vítimas da Guerra em Gaza. Nas fotografias, a modelo Kristen McMenamy está em um ambiente aparentemente em ruínas e manequins fragmentados.
Em uma das imagens, ela aparecia carregando nos ombros um manequim coberto com um tecido branco, de maneira semelhante ao modo como os palestinos transportam os mortos em Gaza. As peças, no contexto do massacre perpetrado pelo Estado de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza, enfureceu o mundo árabe.
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Apesar da repercussão, a loja alegou “mal entendido”. A nota parece ignorar o contexto e diz que “a campanha foi concebida em julho e fotografada em setembro, apresentando uma série de imagens de esculturas inacabadas no estúdio de um escultor e foi criada com o único propósito de mostrar peças de vestuário feitas à mão em um contexto artístico”.
Esse é mais um caso que se soma a várias polêmicas causadas pela marca de roupas no mundo, que incluem denúncias de racismo no Brasil, infecção por rato costurado em roupa, trabalhos análogos à escravidão, entre outros. Por isso, a Revista Fórum selecionou alguns deles. Veja a seguir:
O “Zara Zerou”
A Polícia Civil do Ceará conduziu uma investigação em 2021 que revelou a existência de um código na loja da referida marca, em Fortaleza, para alertar os funcionários sobre a presença de clientes negros e pessoas vestidas de forma “simples”. Na época, a Zara se pronunciou afirmando que a política da loja era “diversa e não discriminatória”.
O responsável pela gestão da loja enfrentou acusações de racismo, resultando no seu indiciamento. Organizações ligadas aos movimentos negros ingressaram com uma ação judicial buscando compensação por danos morais coletivos.
Outro caso ocorreu no mesmo ano. Na Bahia, um homem foi indenizado pela loja após um atendente o acusar de furto, sendo que na verdade, ele havia comprado a mochila. No mês de novembro deste ano, o Ministério Público do Rio apresentou uma acusação de racismo contra um segurança da Zara. O funcionário impediu um cliente negro de deixar a loja sem indicar a localização das peças de roupa das quais ele havia desistido de comprar.
Não apenas no Brasil, a Zara também impediu uma cliente que usava véu de entrar em uma de suas lojas da França. O caso aconteceu em 2015.
Trabalho análogo à escravidão
Além disso, a empresa enfrentou alegações de envolvimento em trabalho forçado, especialmente no que diz respeito à exploração da minoria uigur na China, conforme denunciado por organizações na França. Esta não é a primeira vez que a Zara enfrenta acusações desse tipo; em 2021, outra reclamação similar foi submetida à Procuradoria francesa.
A Inditex, conglomerado que detém a marca Zara, contestou as acusações, afirmando que são sem fundamentos e que mantém seu compromisso com uma política de "tolerância zero" a trabalhos análogos à escravidão.
A Zara entrou em acordo com Termo de Ajuste de Conduta no Brasil em 2017, em colaboração com o Ministério Público do Trabalho em São Paulo. Este documento abordava casos de trabalho análogo à escravidão e trabalho infantil identificados na cadeia produtiva da marca.
Naquela época, a empresa foi obrigada a pagar uma multa de R$ 5 milhões por ter violado um termo anteriormente acordado. Em 2011, trabalhadores envolvidos na produção de roupas para a marca foram resgatados em condições desumanas.
Má representatividade dos conceitos
Ainda em 2017, uma polêmica voltou os olhares para a marca: o mal uso do dizer "Love your curves" ("Ame suas curvas", em português) para representar corpos femininos. A campanha publicitária coloca duas modelos magras de calças jeans ao lado da frase. A abordagem gerou indignação entre os consumidores, e, na época, a empresa optou por não se manifestar sobre o caso.
Em 2014, a marca de roupas expôs pijamas parecidos com os que eram usados durante o Holocausto e depois retirou das prateleiras.
Rato costurado em roupa
Em 2016, uma mulher nos EUA alegou ter descoberto uma pata de rato costurada em um vestido, que poderia ter causado uma erupção cutânea em sua pele pelo contato. A empresa, na época, afirmou que estava investigando o incidente.