VINGANÇA

Brasil boicotado por Israel: África do Sul faz acusação em nota dura

Tel Aviv escolhe quem pode sair de Gaza

De fora.Os brasileiros de dupla cidadania seguem retidos em Gaza, enquanto centenas de outros deixaram o território com autorização de IsraelCréditos: Redes sociais
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O governo da África do Sul, baseando-se em informações divulgadas pela rede árabe Jazeera, acusou formalmente Israel de atrasar a repatriação dos brasileiros de dupla cidadania que estão retidos em Gaza.

Tel Aviv estaria fazendo o mesmo em relação à Irlanda e a sul africanos.

Pretoria foi o nono governo a romper ou congelar relações diplomáticas com Israel, por considerar que os bombardeios contínuos a Gaza constituem punição coletiva contra os palestinos.

Antes disso, Bolívia, Chile, Colômbia, Jordânia, Turquia, Bahrein, Honduras e o Chade já haviam feito o mesmo.

Hoje, a sub-ministra das Relações Exteriores da Bélgica propôs sanções contra Israel.

“É hora de sanções contra Israel. A chuva de bombas é desumana”, disse Petra De Sutter.

PUNIÇÃO

O líder do governo da Irlanda, Leo Eric Varadkar, desde o início dos bombardeios de Israel manifestou desgosto com ataques indiscriminados contra civis, apesar de reconhecer o direito de Israel de se defender dos ataques do Hamas.

Além de considerar "punição coletiva", ele tem feito lobby junto com o governo da Espanha por um cessar-fogo.

Israel não aceita a ideia e, por isso, teria decidido "punir" também o Brasil.

Uma resolução brasileira foi a que mais obteve votos até agora no Conselho de Segurança da ONU: 12.

Foi vetada pelos Estados Unidos.

Previa "pausas humanitárias", condenava ataques terroristas do Hamas mas não citava o direito de auto-defesa de Israel, por se tratar de um poder de ocupação.

Em nota oficial, o Departamento de Cooperação e Relações Internacionais da África do Sul escreveu:

De acordo com relatórios provenientes de Gaza, Israel está alegadamente escolhendo países que considera “amigáveis” para permitir que os seus nacionais saiam primeiro. Os países (como a África do Sul) que Israel considera “hostis” e que assumiram uma posição forte face ao ataque em curso estão sendo empurrados para o fim da lista. No ritmo atual, poderá acontecer [a saída dos sul africanos] dentro de 20 dias.

A nota sul africana também cita o Brasil e a Irlanda e diz:

Não são apenas os cidadãos estrangeiros que devem ser autorizados a sair livremente da Faixa de Gaza, mas é um crime de guerra Israel visar diretamente civis palestinos em hospitais, ambulâncias, escolas, edifícios de apartamentos e nos seus automóveis particulares.

De acordo com o governo da África do Sul, os ataques de Israel colocam em risco infraestrutura patrocinada pelo Fórum IBAS em Gaza:

A África do Sul investiu recursos juntamente com os seus parceiros IBAS (Índia e Brasil) para construir uma unidade cardiotorácica de última geração no hospital al-Quds há mais de seis anos, quando Israel, àquela altura, impedia que os habitantes de Gaza saíssem para obter tratamento médico na Cisjordânia. Ameaças de bombardear o hospital colocam em risco este investimento, mas acima de tudo inúmeras vidas humanas.

Nas últimas semanas, a diplomacia de Israel no Brasil investiu pesado em estimular contatos com a bancada bolsonarista que faz dura oposição ao governo Lula.

Benjamin Netanyahu esteve na posse de Jair Bolsonaro e este, em seu governo, "pagou" o favor anunciando que o Brasil transferiria sua embaixada para Jerusalém, cidade que os palestinos reivindicam como sua capital.

A diplomacia de Israel nega que esteja boicotando a saída dos brasileiros de dupla cidadania.