De algum lugar do Líbano, pela TV, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, fez um discurso incendiário contra Israel, em sua primeira fala desde o ataque do Hamas em 7 de outubro.
Porém, ele deixou claro que seu grupo não lançará uma ofensiva total contra Israel, pelo menos agora.
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As imagens do discurso foram transmitidas a lugares públicos onde se concentravam apoiadores do grupo.
Nasrallah é um clérigo xiita libanês que comanda a milícia desde 1992, quando seu antecessor foi morto por Israel.
O Hezbollah tem relações próximas com o Irã, participa do governo do Líbano e controla militarmente três áreas do país: bairros de Beirute, o vale do rio Bekaa e o Sul, na fronteira com Israel.
É tido como o ator não estatal melhor armado do planeta, com mísseis de precisão de longo alcance e milhares de soldados experientes em campos de batalha, mais recentemente na guerra civil da Síria.
MITO DA INVENCIBILIDADE
Em seu discurso, Nasrallah disse que o mito da invencibilidade militar de Israel caiu no 7 de outubro, o que exigiu o deslocamento de dois porta-aviões dos Estados Unidos para o mar Mediterrâneo.
Relembrou que, em 2006, na segunda guerra do Líbano, o Hezbollah resistiu aos bombardeios de Israel no Líbano durante 33 dias.
Tel Aviv lançou sua ofensiva depois da captura de dois de seus soldados pelo Hezbollah. Posteriormente, os reféns retornaram a Israel numa troca de prisioneiros.
Hoje, Nasrallah denunciou Israel como um poder "brutal e bárbaro", que está matando mulheres e crianças em Gaza.
Ele afirmou que por trás de Tel Aviv estão os Estados Unidos, que definiu como "diabólicos". Lembrou os ataques a Hiroshima, Vietnã, Irã, Iraque e Palestina.
"É uma batalha decisiva, histórica", disse o líder do Hezbollah sobre os acontecimentos atuais.
Ele definiu como objetivos de curto prazo: acabar com a guerra em Gaza e permitir que ela termine com a vitória do Hamas.
"Vitória em Gaza significa a vitória dos palestinos, dos presos, dos que defendem a mesquita de Al Aqsa, é do interesse do Egito, da Jordânia, da Síria e dos patriotas do Líbano", ele disse.
???? Apoiantes do Hezbollah agora em Beirute, enquanto o líder do movimento xiita, Hassan Nasrallha, discursa sobre o conflito em Gaza. pic.twitter.com/lSDAiQB7hO — geopol.pt (@GeopolPt) November 3, 2023
BOICOTE
Nasrallah propôs que os países árabes e muçulmanos cortem relações diplomáticas com Israel e suspendam a exportação de petróleo e comida para Tel Aviv.
Nas últimas horas, depois que a Bolívia cortou relações diplomáticas com Tel Aviv, o Chile, a Colômbia, a Jordânia e Bahrein chamaram seus embaixadores de volta.
O líder do Hezbollah disse que seu movimento nada sabia sobre os ataques do Hamas em 7 de outubro.
Ele informou que a Resistência Islâmica no Iraque vai se engajar na guerra, possivelmente atacando bases dos Estados Unidos no Iraque e na Síria.
Sobre as escaramuças na fronteira do Líbano, ele disse que atacou tanques, blindados e postos de vigilância de Israel.
Informou que 57 soldados do Hezbollah e de aliados morreram desde 7 de outubro.
De acordo com Nasrallah, um terço do Exército de Israel está focado na fronteira com o Líbano. Ele disse que Tel Aviv também está engajando boa parte de suas forças aéreas e naval em eventual enfrentamento com o Hezbollah.
Disse que 43 assentamentos civis de Israel na região fronteiriça foram completamente esvaziados.
"Esse estado de incerteza, pânico e medo" sobre uma guerra total serve aos palestinos de Gaza, argumentou Nasrallah.
"Nossas operações mantém nosso inimigo hesitante e em pânico", alegou.
"Se vocês pensarem em atacar o Líbano, vai ser a maior bobagem de sua História", ameaçou.
"Todos os cenários estão em aberto e todas as opções na mesa", disse.
Inflamando a multidão, afirmou que não tem medo das frotas dos Estados Unidos no Mediterrâneo e que está preparado para enfrentá-las.
"Lembrem-se de suas derrotas no Líbano, no Iraque e no Afeganistão", proclamou.
Convocou Washington a evitar uma guerra regional acabando com a guerra em Gaza.
"Vamos ganhar por pontos, não por nocaute", prometeu.