Passada a euforia pela vitória, a realidade começa a se impor e Javier Milei, o fascista ultraliberal que venceu as eleições presidenciais na Argentina, já ensaia seus primeiros recuos.
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Em entrevista ao telejornal Todo Noticia, Milei que já convidou Jair Bolsonaro (PL) para sua posse no dia 10 de dezembro, classificou os ataques a Lula como "curto circuito" da campanha e disse que o presidente brasileiro será "bem recebido" se "quiser ir à posse".
Milei ressaltou que “houve curtos-circuitos na campanha” nos ataques feitos a Lula que, segundo ele, “é um grande parceiro de negócios e é o presidente”
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“Se Lula quiser vir à minha posse será bem recebido. Ele é o presidente do Brasil", emendou.
O presidente brasileiro, que ainda não conversou com o eleito na Argentina, aguarda um pedido de desculpas de Milei que, entre outros, o chamou de "corrupto" durante a campanha eleitoral.
Na rede X, Milei também recuou em relação ao presidente chinês, Xi Jinping. Durante a campanha, o ultraliberal falou que romperia relações com países comunistas, citando China e Brasil.
Na noite desta quarta-feira (22), o presidente eleito da Argentina divulgou uma carta em que Jinping diz que está disposto a trabalhar para a continuidade do "respeito mútuo, em pé de igualdade" entre os dois países.
"China e Argentina são grandes países em desenvolvimento e importantes mercados emergentes", diz Jinping.
"Agradeço ao Presidente Xi Jinping as felicitações e votos de felicidades que me enviou através da sua carta. Envio-lhe os meus mais sinceros votos de bem-estar do povo da China", escreveu Milei.
Milei, no entanto, confirmou o alinhamento com EUA e Israel, países que visitará antes mesmo da posse. Mas, recuou sobre não negociar com "comunistas".
“Eu disse que estou alinhado com os Estados Unidos e com Israel. E também salientei que não vou promover relações com os regimes autocráticos e comunistas, ou com aqueles que não respeitam a paz, ou que não têm democracias liberais. Mas outra coisa que eu disse é que indivíduos e empresas têm total liberdade para comercializar com quem quiserem e o Estado não precisa interferir nisso”, afirmou.
Papa "imbecil"
Na entrevista ao Todo Notícias, Milei também falou sobre a conversa com o papa Francisco, também argentino, mas alinhado ao campo progressista.
Durante a campanha, Milei fez uma série de ataques ao papa Francisco, incluindo ofensas como “imbecil” e “homem do diabo na terra”.
Após a vitória, Milei conversou por telefone com o líder católico.
“Foi uma conversa muito amigável com o Papa. Sua Santidade felicitou-me pela minha coragem e disse-me que para enfrentar os desafios que a Argentina tinha eram necessárias coragem e sabedoria. E expliquei-lhe o que estávamos a herdar e o papel do Ministério do Capital Humano [pasta que será criada por Milei] no apoio aos segmentos mais vulneráveis".
“Se o Papa Francisco me aceitar, irei visitá-lo em Roma. Não, não falei sobre isso, mas vamos tentar", emendou.