GUERRA NA PALESTINA

Lula reitera "atitude terrorista" de Israel: "Parece que quer ocupar a Faixa de Gaza"

Presidente brasileiro subiu o tom contra o governo sionista logo após o grupo de brasileiros-palestinos chegarem ao Egito. Lula ainda colocou em xeque desculpa de "autodefesa" de Israel para invadir Gaza.

Lula com o grupo de brasileiros-palestinos resgatados de Gaza.Créditos: Ricardo Stuckert/PR
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Em live na manhã desta terça-feira (14), após uma recepção emocionante aos brasileiros-palestinos que se encontravam reféns dos ataques do estado sionista em Gaza, Lula voltou a reiterar que Israel comete "terrorismo" na reação desproporcional ao ataque do Hamas no dia 7 de outubro.

Lula subiu o tom contra Israel logo após o grupo de 32 brasileiros-palestinos embarcarem em um avião da Presidência no Egito rumo ao Brasil, na manhã desta segunda-feira (13).

Ao recebê-los, já no fim da noite, o presidente voltou a classificar os atos de Israel como terrorismo, mesmo sob críticas da Confederação Israelita do Brasil (Conib), que integra o lobby sionista, quanto de bolsonaristas da extrema-direita, que apoiam o regime extremista de Benajmin Netanyahu.

"Eu disse ontem: a verdade é que houve um ataque terrorista do Hamas. E nós combatemos desde o início. Mas, o comportamento de Israel, fazendo o que está fazendo com crianças, hospital, mulheres... São mais de 5 mil crianças que já morreram. Mais 1.250 crianças desaparecidas que certamente ficou embaixo dos escombros. Fora a quantidade de mulheres, grávidas que estão antecipando filhos porque elas têm medo de morrer", afirmou o presidente brasileiro no programa Conversa com o Presidente, com Marcos Uchôa e o ministro da Educação, Camilo Santana.

"Quanto dinheiro gasto em uma guerra, enquanto nós temos 735 milhões de crianças passando fome pelo mundo. Quantos médicos já morreram? Jornalistas já morreram (em Gaza). Pessoas ligadas à ONU, que estão lá para cuidar da paz, da Cruz Vermelha, estão sendo assassinadas e as pessoas veem isso como normal. Por isso eu disse ontem que a atitude de Israel em relação às crianças e às mulheres é uma atitude igual terrorismo. Não tem como dizer outra coisa. Se sei que tem um monte de criança naquele lugar e tem um monstro lá dentro, eu não posso matar as crianças porque quero matar o monstro. Eu tenho que matar o monstro sem matar as crianças. É simples assim", emendou Lula.

Em seguida, Lula afirmou que fez um apelo ao governo chinês, que assumiu a presidência do Conselho de Segurança da ONU, para apresentar propostas para por fim à guerra na Palestina. O presidente ainda culpou Israel de querer ocupar a Faixa de Gaza, área que foi demarcada para os Palestinos no acordo feito em 1948 pela ONU para a criação dos dois estados na região.

"Eu estou percebendo que Israel quer ocupar a Faixa de Gaza e querem tirar os palestinos de lá. Isso não é correto, justo. Nós temos que garantir a criação do Estado Palestino para que eles possam viver em paz ao lado do povo judeu. Porque nós defendemos a criança de dois estados. Nós queremos um estado judeu e um estado palestino. E que eles vivam como a gente vive aqui, com 12 países que fazemos fronteira".

Lula ainda elogiou a atuação do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, na condução da resolução apresentada pelo Brasil para o conflito no Conselho de Segurança da ONU, que acabou recebendo voto contrário apenas dos Estados Unidos, principal parceiro de Israel.

"O Brasil vai continuar brigando pela paz. É inadmissível que não tenha encontrado uma solução para isso. [...] Apenas um país, que tinha o direito de vetar [a resolução brasileira], e vetou que foram os Estados Unidos. Isso é incompreensível. Não é admissível. Por isso nós brigamos para mudar a ONU" afirmou.

"Dádiva de Deus"

Lula ainda falou da emoção de receber os brasileiros-palestinos de volta, o que classificou como "dádiva de Deus", após a negociação incessante do Itamaraty.

"Foi uma dádiva de Deus o que aconteceu ontem à noite. Finalmente, conseguimos receber os filhos do Brasil que estavam fora e foram vítimas de uma guerra insana. Eu vou repeter: uma guerra insana", disse.

O presidente brasileiro ainda falou da emoção de receber os brasileiros-palestinos "pois você percebe pelo rosto que são pessoas sofridas" e ouvir as histórias que os levaram até Gaza.

"As duas meninas com quem eu conversei ontem à noite foram com a mãe delas, que está com câncer e foi à Faixa de Gaza se despedir da família porque ela tinha certeza que não tinha cura. E ela morreu na Faixa de Gaza", contou.

"Então, coisas como essa faz com que a gente fique muito sensível. Nós agora temos responsabilidade de procurar mais brasileiros que estejam lá ou ver se consegue liberar parentes de brasileiros que queiram sair. É o mínimo que a gente pode fazer. É ser humano num momento em que os humanos precisam de humanismo', disse Lula, que já havia demonstrado seu compromisso em repatriar todos aqueles que desejarem retornar ao Brasil.

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