Em live na manhã desta terça-feira (14), após uma recepção emocionante aos brasileiros-palestinos que se encontravam reféns dos ataques do estado sionista em Gaza, Lula voltou a reiterar que Israel comete "terrorismo" na reação desproporcional ao ataque do Hamas no dia 7 de outubro.
Lula subiu o tom contra Israel logo após o grupo de 32 brasileiros-palestinos embarcarem em um avião da Presidência no Egito rumo ao Brasil, na manhã desta segunda-feira (13).
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Ao recebê-los, já no fim da noite, o presidente voltou a classificar os atos de Israel como terrorismo, mesmo sob críticas da Confederação Israelita do Brasil (Conib), que integra o lobby sionista, quanto de bolsonaristas da extrema-direita, que apoiam o regime extremista de Benajmin Netanyahu.
"Eu disse ontem: a verdade é que houve um ataque terrorista do Hamas. E nós combatemos desde o início. Mas, o comportamento de Israel, fazendo o que está fazendo com crianças, hospital, mulheres... São mais de 5 mil crianças que já morreram. Mais 1.250 crianças desaparecidas que certamente ficou embaixo dos escombros. Fora a quantidade de mulheres, grávidas que estão antecipando filhos porque elas têm medo de morrer", afirmou o presidente brasileiro no programa Conversa com o Presidente, com Marcos Uchôa e o ministro da Educação, Camilo Santana.
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"Quanto dinheiro gasto em uma guerra, enquanto nós temos 735 milhões de crianças passando fome pelo mundo. Quantos médicos já morreram? Jornalistas já morreram (em Gaza). Pessoas ligadas à ONU, que estão lá para cuidar da paz, da Cruz Vermelha, estão sendo assassinadas e as pessoas veem isso como normal. Por isso eu disse ontem que a atitude de Israel em relação às crianças e às mulheres é uma atitude igual terrorismo. Não tem como dizer outra coisa. Se sei que tem um monte de criança naquele lugar e tem um monstro lá dentro, eu não posso matar as crianças porque quero matar o monstro. Eu tenho que matar o monstro sem matar as crianças. É simples assim", emendou Lula.
Em seguida, Lula afirmou que fez um apelo ao governo chinês, que assumiu a presidência do Conselho de Segurança da ONU, para apresentar propostas para por fim à guerra na Palestina. O presidente ainda culpou Israel de querer ocupar a Faixa de Gaza, área que foi demarcada para os Palestinos no acordo feito em 1948 pela ONU para a criação dos dois estados na região.
"Eu estou percebendo que Israel quer ocupar a Faixa de Gaza e querem tirar os palestinos de lá. Isso não é correto, justo. Nós temos que garantir a criação do Estado Palestino para que eles possam viver em paz ao lado do povo judeu. Porque nós defendemos a criança de dois estados. Nós queremos um estado judeu e um estado palestino. E que eles vivam como a gente vive aqui, com 12 países que fazemos fronteira".
Lula ainda elogiou a atuação do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, na condução da resolução apresentada pelo Brasil para o conflito no Conselho de Segurança da ONU, que acabou recebendo voto contrário apenas dos Estados Unidos, principal parceiro de Israel.
"O Brasil vai continuar brigando pela paz. É inadmissível que não tenha encontrado uma solução para isso. [...] Apenas um país, que tinha o direito de vetar [a resolução brasileira], e vetou que foram os Estados Unidos. Isso é incompreensível. Não é admissível. Por isso nós brigamos para mudar a ONU" afirmou.
"Dádiva de Deus"
Lula ainda falou da emoção de receber os brasileiros-palestinos de volta, o que classificou como "dádiva de Deus", após a negociação incessante do Itamaraty.
"Foi uma dádiva de Deus o que aconteceu ontem à noite. Finalmente, conseguimos receber os filhos do Brasil que estavam fora e foram vítimas de uma guerra insana. Eu vou repeter: uma guerra insana", disse.
O presidente brasileiro ainda falou da emoção de receber os brasileiros-palestinos "pois você percebe pelo rosto que são pessoas sofridas" e ouvir as histórias que os levaram até Gaza.
"As duas meninas com quem eu conversei ontem à noite foram com a mãe delas, que está com câncer e foi à Faixa de Gaza se despedir da família porque ela tinha certeza que não tinha cura. E ela morreu na Faixa de Gaza", contou.
"Então, coisas como essa faz com que a gente fique muito sensível. Nós agora temos responsabilidade de procurar mais brasileiros que estejam lá ou ver se consegue liberar parentes de brasileiros que queiram sair. É o mínimo que a gente pode fazer. É ser humano num momento em que os humanos precisam de humanismo', disse Lula, que já havia demonstrado seu compromisso em repatriar todos aqueles que desejarem retornar ao Brasil.
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