RECONHECIMENTO

Embaixadora dos EUA no Brasil parabeniza Lula por resgate de brasileiros em Gaza e irrita bolsonaristas

Elizabeth Frawley Bagley fez questão de enaltecer trabalho do governo brasileiro para repatriar nacionais que estavam sob ataques de Israel

Lula e Elizabeth Frawley Bagley, embaixadora dos EUA no Brasil.Créditos: Foto:Ricardo Stuckert
Escrito en GLOBAL el

Elizabeth Frawley Bagley, embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, parabenizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo pelo sucesso no resgate do grupo de brasileiros que estava na Faixa de Gaza, epicentro dos bombardeios deflagrados por Israel contra a população da Palestina. 

Através das redes sociais, nesta segunda-feira (13), a representante diplomática estadunidense fez questão de enaltecer a articulação do Executivo brasileiro para repatriar os nacionais. 

"Parabéns ao presidente Lula e sua administração, especialmente ao Itamaraty, à presidência e à FAB por seus esforços incansáveis para garantir o retorno seguro de brasileiros e suas famílias de Gaza"

A publicação da embaixadora vem gerando irritação entre bolsonaristas, que tentam encampar a narrativa falaciosa de que teria sido o ex-presidente Jair Bolsonaro o responsável por conseguir a repatriação segura dos brasileiros. "Agradeça ao Jair Bolsonaro", escreveu um internauta, por exemplo, em meio a outros comentários do tipo. 

De volta para casa

Após 35 dias de apreensão e esforços diplomáticos, os brasileiros que se encontravam na Faixa de Gaza, epicentro dos bombardeios realizados pelas forças militares de Israel contra palestinos, finalmente estão a caminho de casa. Um avião VC-2, disponibilizado pela presidência da República para esse propósito, decolou do Cairo às 6h52 (horário de Brasília) desta segunda-feira (13), com previsão de aterrissar no Aeroporto de Brasília por volta das 23h30.

Diante das fake news espalhadas por bolsonaristas de que teria sido o ex-presidente Jair Bolsonaro o responsável por resgatar os brasileiros que estavam na zona de guerra, o governo Lula divulgou um texto, através da Secretaria de Comunicação Social da Presdiência (Secom), em que traz detalhes sobre todas as ações que permitiram a sobrevivência e o retorno do grupo ao Brasil.

Segundo o governo brasileiro, o processo de repatriação teve início em 7 de outubro, quando foi deflagrado o ataque do Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza, contra Israel, e o sequente revide das forças militares israelenses que se transformou em uma investida permanente contra a região.

O Escritório de Representação do Brasil em Ramala entrou em contato imediato com os brasileiros na Faixa de Gaza desde o primeiro dia de escalada do conflito. Em 11 de outubro, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, estabeleceu contato com o chanceler egípcio Sameh Shoukry para assegurar a passagem dos brasileiros de Gaza para o Egito. No dia seguinte, a Presidência da República mobilizou o avião VC-2, que decolou de Brasília para Roma, aguardando a chegada dos compatriotas ao Egito.

A intervenção diplomática foi crucial para obter a autorização do governo do Egito, permitindo a entrada dos brasileiros no país já em 13 de outubro. Uma vez em Khan Younes, ao sul da Faixa de Gaza, os cidadãos foram assistidos pelo governo Lula com fornecimento de água e alimentos. Em 18 de outubro, o VC-2 presidencial decolou de Roma para o Egito, transportando 40 purificadores de água portáteis e dois kits de medicamentos e insumos destinados à emergência na Faixa de Gaza, entregues à organização não-governamental Crescente Vermelho.

No âmbito diplomático, o Brasil participou ativamente das negociações para interromper os ataques, sendo convidado pelo Egito a integrar uma cúpula com Jordânia, Catar, Turquia e outros países árabes para discutir a crise humanitária em Gaza. O chanceler Mauro Vieira dialogou com o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros Hossein Amir-Abdollahian, buscando soluções humanitárias e a repatriação dos brasileiros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se envolveu diretamente, conversando com o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, concordando sobre a necessidade de um corredor humanitário na região. Essa discussão foi ampliada com o presidente de Israel, Isaac Herzog, que recebeu os agradecimentos de Lula pelo apoio na repatriação dos brasileiros em solo israelense.

Preocupado com a situação dos brasileiros, Lula realizou videoconferências, proporcionando contato direto com eles e com familiares de brasileiros desaparecidos em Israel após os primeiros ataques.

A escalada dos bombardeios resultou na destruição das infraestruturas de comunicação na Faixa de Gaza, tornando imperativa a intervenção direta da diplomacia brasileira em Ramala. Um motorista foi contratado para verificar pessoalmente a situação do grupo e restabelecer a comunicação. A distribuição de água também foi desafiadora, mas o governo brasileiro garantiu o acesso dos cidadãos à água diante das adversidades.

Em 3 de novembro, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, assegurou a Mauro Vieira que os brasileiros poderiam sair da Faixa de Gaza na semana seguinte. A fronteira em Rafah foi reaberta, mas fechou dois dias depois, até finalmente ser reaberta em 9 de novembro, quando o ministro Vieira anunciou a autorização para a passagem dos brasileiros.

No dia seguinte, os brasileiros atravessaram a fronteira em direção ao Egito, e em 12 de novembro, o grupo de 32 pessoas, incluindo cidadãos brasileiros e familiares, concluiu a travessia. Em 13 de novembro, o VC-2 presidencial decolou do Aeroporto Internacional do Cairo com destino a Brasília, com paradas técnicas em Las Palmas (Espanha) e Recife.

Embora não conste ainda na agenda oficial da presidência, Lula pretende receber no aeroporto o grupo que estava em Gaza, após o resgate de 1.462 brasileiros e latinos, além de 53 animais domésticos já trazidos de volta ao país pela Força Aérea Brasileira (FAB). A expectativa é que os repatriados cheguem na capital federal por volta das 23h30 desta segunda-feira.