A guerra de Israel contra os palestinos, depois do ataque do Hamas em 7 de outubro, é total.
Tirando proveito do pânico da população, o governo extremista de Benjamin Netanyahu avançou várias casas na repressão aos dissidentes.
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Controlada pela Autoridade Palestina de Mahmoud Abbas, a Cisjordânia é uma das frentes da repressão.
Cerca de 1.500 pessoas já foram presas na região e quase 100 foram mortas.
A Cisjordânia é governada pelo Fatah, o agrupamento político rival do Hamas.
Nos últimos dias, o adolescente Abdullah Mohammad Meqbel, de 16 anos, foi morto perto de Hebron num protesto contra Israel.
O idoso Magdy Zakaria Youssef Awad, de 65 anos, que tinha dificuldades de locomoção, foi morto num ataque a um campo de refugiados.
Um dos presos foi o secretário geral do Fatah em Jenin, Atta Abu Rumaila.
Israel microgerencia a vida dos 3 milhões palestinos que vivem nos territórios ocupados da Cisjordânia, ao lado de 700 mil colonos israelenses que avançaram sobre casas e terras dos árabes.
Há rodovias exclusivas para judeus e centenas de postos de controle vigiando o deslocamento dos palestinos.
Além de incentivar a imigração de judeus de todo o mundo, os quais assenta muitas vezes em território sob ocupação militar, Israel tem acordo com paises como a Tailândia para importar mão de obra barata, o que ameaça o trabalho dos próprios palestinos.
Pelos acordos de Oslo, a Autoridade Palestina tem obrigação de evitar ataques a Israel na Cisjordânia.
Um aparato de segurança de cerca de 50 mil homens sob Mahmoud Abbas foi treinado pela CIA e pela Jordânia para monitorar e, em algumas circunstâncias, prender os próprios palestinos.
COLONOS ARMADOS
Desde os ataques de 7 de outubro, os episódios de violência de colonos armados contra palestinos batem recorde.
De acordo com o B'Teselem [Centro de Informações de Israel sobre Direitos Humanos nos Territórios Ocupados], aproveitando-se da guerra os colonos estão cumprindo objetivos do governo de Benjamin Netanyahu de "judaizar" a chamada área C da Cisjordânia.
Temendo pelas suas vidas, e sem forma de gerar rendimentos ou obter comida e água, ao longo da última semana, 8 comunidades inteiras – onde vivem 87 famílias, totalizando 472 pessoas, das quais 136 menores – abandonaram as suas casas. Em 6 comunidades adicionais, de onde saiu apenas parte da população, 11 famílias abandonaram as suas casas, totalizando 80 pessoas, 37 delas menores. Ao todo, 98 famílias, totalizando 552 pessoas, incluindo 173 menores, deixaram suas casas desde o dia 7 de outubro. Seis outras comunidades palestinas, totalizando mais de 450 pessoas, abandonaram as suas casas nos últimos dois anos
A política de apartheid da África do Sul tinha como um de seus pilares segregar os negros em bantustões, territórios cercados como o de Gaza, fornecedores de mão de obra barata mas incapazes de desenvolvimento econômico autônomo.
Enidades de direitos humanos, como a Anistia Internacional, reconhecem o mesmo cenário em Israel: palestinos vivendo sob vigilância total, sem liberdade de movimento e com restrições na entrada de bens que impedem qualquer autonomia econômica.
O Parlamento de Israel reserva vagas para árabes que tem cidadania do país.
Um ex-parlamentar palestino, Abou Shehadeh, relatou à rede Al Jazeera:
Este é o governo fascista mais extremista desde o estabelecimento do Estado de Israel. No minuto em que Benjamin Netanyahu declarou guerra, ele declarou guerra em quatro frentes diferentes. [Isto inclui] a frente interior, o que significa que está lidando conosco [cidadãos árabes de Israel], 20 por cento da população, como uma das frentes [da guerra]
Israel monitora e pune aqueles que se manifestam publicamente contra os ataques a Gaza, inclusive nas redes sociais.
A atriz palestina Maisa Abd Elhadi foi presa no dia 23 de outubro em Nazareth depois de compartilhar uma foto de soldados do Hamas rompendo as cercas que Israel construiu para isolar Gaza.
Na postagem, ela citou a queda do Muro de Berlim.
Por isso, foi acusada formalmente de "incitar o terrorismo".
De acordo com o B'Teselem, o regime de apartheid de Israel tem como um de seus pilares a questão da cidadania, algo que antecede a guerra com o Hamas:
Os judeus que vivem em qualquer parte do mundo, os seus filhos e netos – e os seus cônjuges – têm direito à cidadania de Israel. Em contraste, os palestinos não podem imigrar para áreas controladas por Israel, mesmo que eles, os seus pais ou os seus avós tenham nascido e vivido lá. Israel torna difícil aos palestinos que vivem numa das unidades sob controle [Gaza, por exemplo] de obterem direito de viver noutra [Cisjordânia], e promulgou legislação que proíbe a concessão de estatuto aos palestinos que se casam com israelenses dentro da Linha Verde [território de Israel sem considerar Gaza e Cisjordânia]