A polícia israelense prendeu na última segunda-feira (16) a cantora e cientista palestina Dalal Abu Amneh, de 40 anos, na cidade de Nazaré, em Israel, sob acusações de incitação contra o Estado de Israel e apoio à causa Palestina. A polícia israelense divulgou um comunicado oficial, amplamente divulgado pela imprensa internacional, em que confirmou a prisão da artista que tem mais de 300 mil seguidores nas redes sociais.
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Palestinos e israelenses concordam que a prisão de Dalal deveu-se à sua enorme influência na sociedade palestina. Ela fez postagens e aparições em meios de comunicação condenando os bombardeios a civis na Faixa de Gaza e os massacres na Cisjordânia. Isso irritou o Estado de Israel.
Como cientista, Dalal é uma neurologista reconhecida internacionalmente e pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Israel (Technion). Como cantora, palestinos a comparam a Roger Waters, outro importante artista que defende a causa palestina. De acordo com seus fãs, ela representa para a música árabe o mesmo que Waters para o rock internacional.
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Nascida na cidade israelense de Nazaré em 1983, ela é casada com o poeta e médico Anan Abbasi, com quem tem dois filhos. Começou a cantar canções tradicionais palestinas em concertos escolares e eventos sociais e comunitários quando tinha 13 anos.
Ela é conhecida por interpretar canções do patrimônio histórico e cultural palestino. Apresenta uma arte comprometida com a causa palestina, obras que contam histórias que a ocupação israelense tentou apagar através de métodos diversos, incluindo a proibição do povo da Palestina de estudar a civilização de seus antepassados, e interferindo no conteúdo do currículo educacional palestino ao monitorar os livros impressos pela UNRWA.
O comunicado policial reafirmou que Dalal é uma figura influente na sociedade árabe. "A suspeita foi encaminhada à delegacia de polícia, onde foi interrogada e presa sob suspeita de comportamento que pode violar a segurança pública e a segurança geral", diz outro trecho do comunicado.
Após duas noites na prisão da ocupação israelense, em solitária, ela foi libertada na última quarta-feira (18) de outubro. "Estou livre como eu era e livre como sempre serei," comentou a artista para um site local de notícias.
Perseguição nas redes
Em meio à guerra, as cenas de destruição do centro de Gaza e da Palestina ocupada não se resumem às ações militares, que produzem diariamente imagens de crianças e idosos palestinos mortos. Há também uma ampla operação policial, dentro do território controlado por Israel, de repressão a quaisquer vozes que denunciem tais violações de direitos humanos.
Após a guerra de Israel contra Gaza estourar, a polícia israelense aumentou a perseguição aos palestinos por suas postagens nas redes sociais. A polícia israelense anunciou em um comunicado na segunda-feira que 40 palestinos foram presos em Jerusalém Oriental com base em "incitação" desde o início da guerra.
* Raphael Sanz é jornalista da Revista Fórum e Ruba Youssef Shaheen é jornalista síria.