EXPLOSÃO DA RUA ÁRABE

Palestinos tentam derrubar Abbas e libaneses atacam embaixada dos EUA

Lideranças árabes e muçulmanas falam em frente única contra Israel

Abbas.O líder palestino teve de reprimir o próprio povo para se manter no poderCréditos: Reprodução Al Jazeera
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As ruas do mundo árabe explodiram esta noite, depois que se espalharam as imagens de centenas de palestinos mortos no Hospital do Povo Árabe na cidade de Gaza.

O hospital, que fica ao lado de uma igreja, é mantido com dinheiro de cristãos anglicanos.

O Ministério da Saúde do governo local estima em 500 o número de mortos.

Nas imagens e fotos que estão vindo à tona, há centenas de crianças e mulheres que morreram enquanto dormiam.

Em manifestações espontâneas, cerca de 15 mil pessoas marcharam pelas ruas de Amã, na Jordânia, um dos paises árabes mais próximos de Israel.

A polícia local reprimiu manifestantes que tentavam se aproximar da representação diplomática de Israel.

Houve protestos na Turquia, na Tunísia e no Líbano.

Na capital libanesa, milhares de pessoas tentaram invadir a Embaixada dos Estados Unidos e foram reprimidas pelo Exército libanês e pela polícia.

O Líbano, que faz fronteira com o norte de Israel, joga um papel-chave na crise, uma vez que o sul do país é controlado pelo Hezbollah, financiado pelo Irã.

O Hezbollah dispõe de mísseis capazes de atingir todo o território de Israel e de 100 mil homens.

Um porta-voz de Israel disse que o país não quer guerra com o Irã e Teerã tem dito que não está por trás dos ataques do Hamas contra Israel no 7 de outubro.

O Hezbollah sofre forte pressão de autoridades libanesas para não envolver o país na guerra, mas isso pode mudar por pressão popular.

Em Ramallah, na Cisjordânia, milhares de pessoas protestaram contra Israel e a Autoridade Palestina.

A polícia, sob comando de Mahmoud Abbas, reprimiu os manifestantes.

A Autoridade Palestina tem um aparato de segurança de mais de 50 mil homens e acordos que a obrigam a garantir a segurança de Israel.

Na última semana, Israel agiu diretamente e prendeu cerca de 700 palestinos na Cisjordânia.

Abbas é acusado pelos seus adversários de ser um títere de Israel, dos Estados Unidos e especialmente de seus financiadores da União Europeia.

Preocupado com a reação das ruas, Abbas, que representa a Palestina nas Nações Unidas, cancelou seu encontro com o presidente Joe Biden previsto para acontecer em Amã, na Jordânia.

Biden embarcou hoje para um giro pelo Oriente Médio, que começa em Tel Aviv.

Porém, depois do ataque ao hospital,  o rei da Jordânia, Abdullah II, e o presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, se uniram a Abbas e cancelaram uma cúpula com o presidente dos Estados Unidos em Amã.

Abbas decidiu voltar às pressas a Ramallah, depois que os protestos de rua se tornaram uma batalha campal que avançava durante a noite.

Nas imagens de emissoras locais, é possível ouvir o estampido de armas de fogo.

Os manifestantes pediam a renúncia de Abbas e foram reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo quando tentaram avançar em direção à sede do governo.

Nas Nações Unidas, embaixadores de países árabes deram uma entrevista em conjunto condenando Israel.

Eles afirmaram que pretendem denunciar em conjunto os crimes de guerra de Israel ao Tribunal Penal Internacional.

O ministro das relações exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, disse que a vida de um civil palestino não vale menos que a vida de um israelense.

Nos últimos dias, Jordânia e o Egito disseram que não vão aceitar a imigração em massa de palestinos, que seria um dos objetivos da extrema-direita israelense para avançar na colonização de território palestino.

Amanhã, a Organização de Cooperação Islâmica se reúne em Jedá, na Arábia Saudita.

De acordo com o embaixador jordaniano, o objetivo é condenar violência contra civis, denunciar os crimes de Israel e exigir o fim dos ataques a Gaza.

Para os embaixadores árabes na ONU, Israel cometeu várias violações da lei internacional, como punição coletiva ao povo palestino, bombardeio de civis e o ataque ao hospital.

O Hamas, por sua vez, convocou para um Dia de Raiva.

Abaixo, um vídeo mostra mostra um grande 'comboio' com vários tipos de veículos se dirigindo à embaixada dos EUA em Beirute, no Líbano, após ataque a hospital em Gaza, pela aviação de guerra israelense.