GUERRA NA PALESTINA

Israel x Hamas: Conselho de Segurança discute resolução do Brasil após rejeitar proposta russa

Delegação brasileira busca consenso entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo humanitário em Gaza

Conselho de Segurança da ONU debate situação em Gaza.Créditos: UN Photo/Eskinder Debebe
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O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) analisa a resolução apresentada por diplomatas brasileiros para a guerra travada entre o Estado sionista de Israel e o Hamas após rejeitar a proposta apresentada pela delegação da Rússia nesta segunda-feira (16).

A resolução brasileira, que busca contentar as duas posições adotadas pelos membros permanentes do Conselho, deve ir à votação ainda nesta terça-feira (17). O Brasil preside em outubro o órgão colegiado e tem feito um esforço para apresentar uma medida de cessar-fogo humanitário em Gaza em meio aos ataques das forças israelenses

O projeto apresentado pelos russos recebeu cinco votos a favor (China, Gabão, Moçambique, Rússia e Emirados Árabes Unidos) e quatro contra (França, Japão, Reino Unido e Estados Unidos), com seis abstenções (Albânia, Brasil, Equador, Gana, Malta e Suíça).

Para que a resolução seja aprovada, ela precisa ser aprovada por no mínimo nove votos, sendo que nenhum dos membros permanentes deve apresentar voto contrário.

A proposta russa foi criticada por EUA, França e Reino Unido - membros permanentes - por não apresentar uma condenação enfática ao que consideram atos "terroristas" do Hamas. O próprio CS da ONU não considera o Hamas um grupo terrorista, posição que é seguida pelo Brasil.

“Ao não condenar o Hamas, a Rússia está a dar cobertura a um grupo terrorista que brutaliza civis inocentes. É ultrajante, hipócrita e indefensável”, disse Linda Thomas-Greenfield, representante dos EUA.

Vassily Nebenzia, representante russo, lamentou o fracasso do Conselho de Segurança em adoptar a resolução, culpando a “intenção egoísta do bloco ocidental”.

“Estamos extremamente preocupados com a catástrofe humanitária sem precedentes em Gaza e com o risco muito elevado de o conflito se espalhar”, afirmou.

"Nenhum lugar é seguro em Gaza"

Riyad Mansour, observador palestino no Conselho, fez um apelo diante dos ataques das forças sionistas. 

“Não enviem sinais de que as vidas palestinas não importam. Não se atrevam a dizer que Israel não é responsável pelas bombas que está a lançar sobre as suas cabeças”, afirmou.

“Nenhum lugar é seguro em Gaza, as famílias abraçam-se todas as noites, sem saber se é a última vez”, emendou Mansour, chamando a atenção para o massacre de civis inocentes.

Gilad Erdan, representante israelense, afirmou que o Hamas “não diferente da dos nazistas”, mostrando uma carta que apelava à “destruição” de Israel. “O Hamas não é uma organização política, é uma organização terrorista”.

Proposta brasileira

O Brasil se absteve de votar na proposta russa justamente para buscar um consenso em cima da resolução que deve ser votada nesta terça. O documento segue orientação de Lula e visa proteger, especialmente, mulheres e crianças vítimas do conflito entre o Estado sionista de Israel e o Hamas.  

O maior desafio da diplomacia brasileira é apresentar um texto que tenha a adesão de todos os membros permanentes do Conselho de Segurança.

Para isso, o governo Lula deve incluir a condenação aos ataques do Hamas e pedir a libertação de reféns israelenses em poder do grupo palestino. Essa medida visa atender aos anseios de EUA, França e Reino Unido, que consideram o Hamas um grupo terrorista.

Por outro lado, para receber o apoio de Rússia e China - os outros dois membros permanentes do CS -, a proposta brasileira faz um apelo para que Benjamin Netanyahu revogue a ordem de evacuação de palestinos e de funcionários da ONU de Gaza para uma invasão por terra.

O governo Lula negocia um cessar-fogo humanitário com Israel para que agências humanitárias possam entrar em Gaza. A medida daria tempo para negociação do fim do conflito e busca evitar que a guerra se alastre pela região, principalmente para o Líbano, onde já há um confronto das forças israelenses com o Hezbollah.

Os principais pontos da proposta brasileira incluem:

  • A condenação  "inequívoca dos ataques terroristas hediondos perpetrados pelo Hamas que tiveram lugar em Israel a partir de 7 de outubro de 2023 e a tomada de reféns civis";
  • "A libertação imediata e incondicional de todos os reféns civis, exigindo a sua segurança, bem-estar e tratamento humano, em conformidade com o direito internacional";
  • Um apelo  "ao respeito e à proteção, em conformidade com o direito humanitário internacional, de todo o pessoal médico e do pessoal humanitário exclusivamente envolvido em tarefas médicas, dos seus meios de transporte e equipamento, bem como dos hospitais e outras instalações médicas".
  • A proposta brasileira ainda determina "pausas humanitárias para permitir o acesso humanitário rápido, seguro e sem entraves às agências da ONU".