MIGRAÇÃO FORÇADA

Israel recua e dá mais tempo para saída da população da Faixa de Gaza

Forças de Defesa de Israel reconheceram que levará tempo para que palestinos saiam da região; no Conselho de Segurança da ONU, Brasil alerta que o deslocamento forçado em Gaza pode resultar em níveis de miséria sem precedentes

Créditos: ONU News/ (Ziad Taleb) - Muitas partes de Gaza estão em ruínas após os ataques aéreos
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Após emitir um ultimato na madrugada desta sexta-feira (13, horário de Brasília), exigindo que os palestinos deixassem a Faixa de Gaza Setentrional em 24 horas, as Forças de Defesa de Israel Exército de Israel (IDF, da sigla em inglês) reconheceram que a implementação dessa medida pode demorar. O porta-voz almirante Daniel Hagari declarou a repórteres: "Entendemos que isso levará tempo", sugerindo que não há um prazo definido, como anunciado anteriormente.

O plano para deslocar os palestinos da porção norte do território ainda está em andamento. Enquanto isso, os bombardeios em Gaza continuam, bem como o cerco ao território, que já está enfrentando escassez de combustível, medicamentos e alimentos, de acordo com organizações internacionais que atuam na região.

Israel "continuará a operar com força substancial na cidade de Gaza e fará esforços para evitar prejudicar civis", declarou a IDF em um comunicado direcionado aos habitantes de Gaza.

O deslocamento forçado recebeu críticas da comunidade internacional. Poucas horas após o anúncio de Tel Aviv, as Nações Unidas afirmaram considerar "impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras".

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, disse em um comunicado: "A ONU apela veementemente para que qualquer ordem desse tipo, se confirmada, seja revogada, evitando que o que já é uma tragédia se torne uma situação calamitosa".

Nesta sexta-feira, logo após uma reunião do Conselho de Segurança, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que o país concorda com a ONU e que o deslocamento forçado em Gaza pode resultar em níveis de miséria sem precedentes para civis inocentes.

Além disso, o Ministério das Relações Exteriores do Egito alertou contra os apelos do exército israelense e argumentou que uma ação desse tipo teria sérios impactos nas condições humanitárias do enclave. Um dia antes, o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, pediu que os palestinos "permaneçam firmes e presentes em suas terras". O Egito faz fronteira com Gaza e teme que o conflito provoque uma onda de migração para seu território.

Arábia Saudita e Kuwait também criticaram a retirada forçada de palestinos do norte de Gaza. O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita emitiu um comunicado rejeitando "categoricamente os apelos ao deslocamento forçado da população palestina de Gaza e condenando o contínuo bombardeio de civis indefesos" na região. O xeique Salem al-Sabah, Ministro das Relações Exteriores do Kuwait, também defendeu essa posição, afirmando que a ação é uma violação do direito internacional e humanitário.

Já os Estados Unidos, por meio de seu Secretário de Estado, Antony Blinken, pediram a Israel que evitasse causar mortes de civis na Faixa de Gaza. Blinken declarou aos jornalistas no Catar: "Pedimos aos israelenses que tomem todas as precauções possíveis para evitar danos aos civis", destacando que Israel tem o direito de se defender após os ataques "inadmissíveis" do Hamas. Blinken esteve em Tel Aviv na quinta-feira, onde se reuniu com o Primeiro-Ministro israelense, Binyamin Netanyahu.