O presidente dos EUA, Joe Biden, está cada vez mais incomodado com a pressão que está recebendo da opinião pública norte-americana e de seu próprio partido, o Democrata, para que expulse o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de seu território. O líder de extrema direita fugiu para Orlando, na Flórida, um dia antes de seu mandato terminar, com medo de ser preso após perder o foro privilegiado.
Desde a ida de Bolsonaro para o exterior, alguns setores políticos nos EUA já cogitavam que seu destino poderia ser aquela nação e, agora, instalado lá há 11 dias, congressistas pressionam o chefe da Casa Branca a tomar uma atitude e mandar o extremista de volta para o Brasil. O antigo mandatário brasileiro entrou pelo aeroporto de Miami com o avião presidencial, já que ainda estava, em tese, no curso de seu mandato, e o fez com um visto dado a chefes de Estado, do tipo A-1. Agora, fora do cargo, esse seu visto expirou e ele está numa situação delicada.
Diante das pressões, Biden mandou seu o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, informar que “todo aquele que entra nos EUA com um passaporte diplomático e que posteriormente deixe de ocupar um posto de Estado deve ir embora do país, ou então procurar o serviço de imigração para mudar seu status de visto, num prazo de 30 dias”. Colocar tal funcionário para dar esses esclarecimentos públicos soou como uma clara aversão à presença do ex-presidente radical dentro de suas fronteiras.
Com o aumento dessas cobranças por parte de jornalistas e parlamentares de seu partido, que vem alinhada com um silêncio ensurdecedor de integrantes do Partido Republicano e até das alas trumpistas dessa legenda, muita gente aqui, assim como lá, se pergunta se Joe Biden optará por expulsar Bolsonaro dos EUA para se livrar do imbróglio.
O problema é que essa resposta não é tão simples. Provavelmente, Jair Bolsonaro pedirá uma regularização de seu visto às autoridades imigratórias norte-americanas, o que estenderá ainda mais o impasse e o incômodo em relação à sua presença. Por outro lado, Biden poderia unilateralmente determinar sua expulsão por inúmeras razões, ainda que o extremista brasileiro possa questionar tal decisão em âmbito judicial.
O que se sabe até agora é que o ocupante da Casa Branca espera que o antigo ocupante do Palácio do Planalto perceba que não é bem-vindo e se retire por vontade própria, em breve. Se isso não acontecer logo, a pressão sobre Biden aumentará e ele terá que decidir se vai tomar parte da questão, ordenando o despacho do radical sul-americano ou permitindo sua permanência em solo estadunidense, o que certamente acarretará em prejuízos políticos para o presidente da maior potência militar e econômica do mundo.