Aos 29 anos, a alemã Marlene Engelhorn, herdeira natural do império químico Basf, anunciou que decidiu renunciar a 90% de sua herança. Ela entende que “não fez nada para receber o dinheiro, sendo pura sorte, acaso do nascimento”. A jovem acha, ainda, que o dinheiro “não a deixaria feliz”.
O valor da herança é pouco maior do que 4,2 bilhões de euros, o equivalente a R$ 22 bilhões.
Pela quantia, a decisão de Marlene despertou muito interesse, especialmente da imprensa europeia e das redes sociais, de acordo com reportagem de Carlo Cauti, na Exame.
A alemã receberá a fortuna depois da morte de sua avó, Traudl Engelhorn-Vechiatto, de 94 anos. Há dois anos, a idosa anunciou seu testamento. Marlene já havia deixado claro que não queria receber sua parte e que se livraria dela rapidamente.
“Que vantagem eu teria em ser super-rica. Uma riqueza só para mim? Vou acabar ficando sozinha”, avalia, ressaltando que faz muito mais sentido compartilhar esse dinheiro com a sociedade.
A herdeira nunca trabalhou na empresa da família. Ela estuda literatura alemã na faculdade de Viena, na Áustria, e tem uma opinião bem contundente sobre o caso, pois acha que as heranças deveriam ser muito tributadas: “O dinheiro faz provavelmente poucas pessoas felizes”, afirma.
Marlene leva a sério o que diz. Ela integra uma associação internacional de jovens ricos que se chama Millionaires for Humanity (Milionários para a Humanidade). O grupo reivindica aos governos o aumento da carga tributária sobre grandes fortunas e heranças.
“Os bilionários não deveriam ter o direito de decidir se e como vão contribuir com a sociedade. A justiça social é o maior interesse de todos”, destaca ela.
Ligação com os nazistas
Durante uma entrevista, ela chegou a afirmar: “Não sei a história exata e a origem da fortuna, nem mesmo quanto trabalho deu para acumular. O que posso dizer é que não é meu trabalho”.
Talvez se soubesse, ela teria mais motivos ainda para recusar a herança. Em 1925, a empresa se fundiu com outros grupos químicos. Em seguida, ficou famosa por ter construído a fábrica de Auschwitz, onde era produzido o Zyklon-B, utilizado nas câmaras de gás.
Porém, não foi uma opção da empresa. Durante o nazismo, os executivos do grupo não tinham condições de contestar as decisões de Adolf Hitler.