CRISE

Ministra de Orbán renuncia e o acusa de "retórica nazista digna de Goebbels”

Durante evento na Romênia, primeiro-ministro da Hungria criticou países europeus que recebem imigrantes e afirmou que o seu país “não vai se tornar mestiço”

Ministra de Orbán renuncia e o acusa de "retórica nazista digna de Goebbels”.Créditos: Foto: Alan Santos/PR
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O governo primeiro-ministro da Hungria, o extremista Viktor Orbán, passa por uma grave crise interna após declarar que o seu país "não quer virar um povo mestiço". 

Após a declaração, a ministra da Inclusão Social, Zsuzsa Hegedus, renunciou e acusou Orbán de "retórica nazista". "Não sei como você [Orbán] não percebeu que a declaração é pura retórica nazista digna de Joseph Goebbels. Depois de tal discurso, que contradiz todos os meus valores básicos, não tive outra escolha: tenho que romper com você". 

A renúncia de Hegedus abre uma crise inédita no governo de Orbán, pois, além de ministra, era uma das conselheiras mais antigas do premiê, com quem conviveu politicamente por aproximadamente 20 anos.

No entanto, a parceria política de Orbán e Hegedus sucumbiu após o premiê criticar os países europeus que recebem imigrantes e "misturam populações" europeias com não europeias. 

Durante evento na Romênia, no último sábado (23), Orbán afirmou que "existe um mundo em que os europeus são misturados com aqueles que chegam de fora da Europa. Esse é um mundo de raças mistas. E há o nosso mundo, em que as pessoas da Europa se deslocam, trabalham e se mudam [...] é por isso que sempre lutamos: estamos dispostos a nos misturar, mas não queremos nos tornar povos mestiços".

A fala de Orbán causou revolta dentro e fora da Hungria. O Comitê Internacional de Auschwitz pediu à União Europeia (UE) que "se afaste de conotações racistas". O vice-presidente do comitê, Christoph Heubner, afirmou que o discurso de Orbán é "estúpido e perigoso [...] devemos fazer o mundo entender que Orbán não tem futuro na Europa". 

Eleito primeiro-ministro em 2010 e reeleito em abril deste ano para o seu quarto mandato consecutivo, Orbán se apoia em uma agenda de extrema direita que ataca imigrantes, que classifica a comunidade LGBTQIA+ como o "mau do século XXI" e impõe restrições à liberdade de imprensa.

No entanto, além da crise interna em seu governo, Orbán enfrenta uma alta inflação que pirou com os cortes da UE devido a seguida violações dos princípios do Estado de Direito. 

Por fim, cabe lembrar que o presidente Bolsonaro (PL) comunga da mesma agenda que Orbán e o visitou no começo deste ano. Ao chegar na Hungria, o premiê classificou o presidente do Brasil como "um irmão".