Santiago Abascal, presidente do Vox, partido de extrema direita da Espanha, utilizou quase 100 mil euros (mais de R$ 560 mil) de recursos do Fundo do Ministério da Cultura do país europeu para financiar a produção de um documentário contra o ex-presidente Lula (PT).
O curta “Desenmascarando al Foro de São Paulo” ("Desmascarando o Foro de São Paulo"), de 2021, tem como um de seus protagonistas o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), que promoveu ataques contra o petista, de acordo com reportagem de Miguel González, do jornal espanhol El País.
No curta, Eduardo Bolsonaro apareceu fazendo o seguinte depoimento: “Estão falando na rua que Lula é livre, que é perseguido politicamente, quando sabemos que ele é o protagonista do maior escândalo de corrupção da história do Brasil”.
O filme mostra imagens históricas e entrevistas com líderes do Vox e seus aliados, incluindo o próprio Abascal. Em julho de 2021, ele fundou sua própria fundação, intitulada Disenso, que já recebeu cerca de 92 mil euros em auxílio público, o equivalente a mais de R$ 500 mil. Ele aguarda, ainda, conseguir mais 112.342 (quase R$ 630 mil) em 2022.
O Vox propõe acabar com os chamados “gastos políticos” e conseguiu reduzir em 50% os subsídios aos empregadores e sindicatos. Porém, não renunciou às verbas públicas que recebe.
De acordo com informações da fundação de Abascal, esse subsídio público foi utilizado para financiar o documentário contra o Foro de São Paulo, organização que reúne partidos de esquerda latino-americanos, de socialdemocratas e comunistas, com o objetivo de promover “estudos e desenvolvimento de atividades políticas, sociais e culturais”.
Documentário também ataca partidos da esquerda latino-americana e espanhola
Além de atacar Lula e partidos da esquerda latino-americana, o filme critica o espanhol Podemos e o governo de Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe), que faz parte da coalizão de esquerda “Unidas Podemos”.
“Tenho certeza de que os espanhóis vão mudar de posição e tirar os socialistas do poder porque, se não o fizerem, a Espanha será a próxima Venezuela”, delirou Eduardo em mais um depoimento no filme.