RUMORES

Afinal, o Papa Francisco vai renunciar?

Situação de saúde, declarações recentes, grande consistório marcado para agosto, quando renovará o colégio de cardeais, e gesto considerado simbólico alimentam fortes rumores sobre saída de cena do pontífice argentino. Entenda

Papa Francisco em audiência no Vaticano, numa cadeira de rodas..Créditos: Vaticano Media/Reprodução
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Os últimos dias têm sido de intensas especulações sobre o futuro do Papa Francisco. Cada vez mais crescem os rumores de que o pontífice argentino renunciará ao cargo de líder máximo da Igreja Católica, assim como fez seu antecessor, Bento XVI, que segue vivo com 95 anos, e deixou a função em 2013.

A imprensa italiana e analistas do mundo católico cogitam cada vez mais essa possibilidade, levando em consideração fatos que consideram sinais evidentes de que o Bispo de Roma pode passar "à reserva" e abrir espaço para que uma nova liderança seja escolhida.

O primeiro dos argumentos de quem acredita que Francisco deixará o comando da Santa Sé está relacionado à sua saúde. O Papa sofre de uma séria artrose no joelho direito, que tem lhe causado muitas dores, o tempo todo, e ele se recusa a submeter-se a uma cirurgia que traria significativa melhora em sua qualidade de vida. O segundo argumento está atrelado ao primeiro: ao falar sobre a possível intervenção na articulação de sua perna, Francisco descartou essa possibilidade e afirmou que "preferiria renunciar".

A convocação de um grande consistório (a reunião pessoal com o Papa no Vaticano para a criação oficial de novos cardeais) para agosto, quando Francisco renovará grande parte do colégio cardinalício com os nomes que possivelmente escolherão um novo pontífice no futuro, para muitos vaticanistas, pode ser sinal de que o argentino que comandou a Catedral Metropolitana de Buenos Aires está pensando em aposentar o solidéu branco.

Por fim, uma visita que Francisco marcou à cidade de Áquila, onde participará da chamada Celebração do Perdão, logo após o consistório, está sendo interpretada como um sinal de uma suposta renúncia, já que o “evento” foi criado no século XIII pelo Papa Celestino V, o primeiro a renunciar ao cargo na história da Igreja Católica. Bento XVI também esteve no local antes de abandonar a função.

Não é bem assim

Por outro lado, figuras importantes que acompanham o dia a dia do Vaticano, historiadores e católicos de círculos próximos ao Papa Francisco afirmam que essa associação de coisas para concluir que uma renúncia estaria perto não passa de bobagem. O renomado neurologista Nelson Castro, que escreveu o livro "A saúde dos Papas: Medicina, tramas e fé de Leão XIII a Francisco" disse em entrevista ao jornal O Globo que conversou recentemente com o atual pontífice e que essas informações surgidas na imprensa são rumores infundados.

“O Papa não tem vontade nem pensa em renunciar. Exceto pelo problema no joelho, um ligamento rompido devido a um mau movimento, ele é perfeito. Isso dificulta sua movimentação, mas não o impede de realizar sua tarefa”, explicou Castro.

Um ponto salientado por todos é de que não haveria atualmente condições políticas, religiosas e de outras naturezas para que o Vaticano abrigasse dois papas eméritos e mais um em suas funções. Uma situação assim seria incabível e de forma alguma deve acontecer, sustentam. Caso Joseph Ratzinger deixe esse mundo, a situação então seria um pouco mais provável, mas ainda assim, nada plausível.

É que para muitas pessoas do convívio íntimo de Francisco, sua saúde não está frágil, tampouco ele se mostra fraco, ainda que tenha 85 anos. O Santo Padre apresenta “apenas” uma forte dor no joelho, que até tem impedido a realização de determinados compromissos, mas que seriam tratáveis com anti-inflamatórios e aplicações de infiltrações no local, se ele de fato optar por não realizar a cirurgia indicada.

Ainda que muitas vezes tenha dito que a atitude de Bento XVI foi muito nobre e louvável, ao anunciar sua renúncia por não ter mais condições de governar a Igreja Católica, Francisco diz abertamente que um papa precisa ter “cabeça” para exercer sua função, e não “pernas”, o que seria um claro sinal de que se sente totalmente apto intelectualmente para seguir à frente do Trono de Pedro.