O Brasil confirmou os dois primeiros casos suspeitos de varíola dos macacos nesta segunda-feira (30), na esteira da proliferação de contaminações em vários pontos diferentes do planeta, com destaque para mais de 200 ocorrências em países europeus. Com os traumas deixados pela pandemia da Covid-19, muita gente se apressou em tentar descobrir como evitar a enfermidade típica de algumas nações africanas tropicais e também para saber se há uma vacina que imunize contra ela.
Em síntese, a varíola dos macacos é considerada uma doença rara. De origem tropical, ela é provocada por um vírus do tipo orthopoxvirus, patógeno próximo ao da varíola humana, uma doença erradicada oficialmente desde 1980 e que assombrou os cinco continentes da Terra por séculos.
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A primeira vacina desenvolvida pela ciência com grande eficácia foi a da varíola humana e sua primeira versão remonta ao século XVIII, em 1796. Nos séculos seguintes o imunizante se desenvolveu muito e passou a ser aplicado em todo o mundo, fazendo com que chegássemos à erradicação da grave doença há pouco mais de 40 anos. Àquela altura, a varíola dos macacos já era conhecida pelos cientistas e já se sabia que o imunizante contra a variante humana também protegia quase que na mesma medida contaminações pela forma do macaco.
Aqui no Brasil, grande parte da população recebeu esse imunizante até 1971, sendo que as últimas aplicações ocorreram em 1973. Pessoas nascidas até este ano têm grandes chances de terem recebido uma proteção contra a forma humana da enfermidade, que segundo especialistas de infectologia brasileiros e estrangeiros garante ainda hoje, para alguns mais de 50 anos depois, alguma eficácia também contra a varíola dos macacos.
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Quem não tem sua velhinha e carcomida carteira de vacinação dos anos 50, 60 e início dos 70 para ter certeza de que foi vacinado contra a varíola terá dificuldades em confirmar a imunização. Uma outra maneira de se certificar disso chegou a ser divulgada nas redes sociais por um renomado infectologista do Canadá que atua nos EUA, mas o cientista teve que retificar sua declaração e apagar a publicação após uma enxurrada de críticas.
John Ross mostrou uma foto na qual apareciam duas cicatrizes em braços vacinados, aquelas mesmas que todos nós temos, normalmente do lado esquerdo. Imunizantes como o da varíola deixam essa marca, mas ele também ocorre na imensa maioria das pessoas, até nas mais jovens, por conta da aplicação da vacina BCG, contra a tuberculose.
Ross chegou a dizer no Twitter que a cicatriz da BCG seria mais elevada, enquanto que a da varíola se apresentaria com uma pequena depressão na pele. A informação, em vias gerais, até teria algum respaldo científico, mas colegas cientistas lembraram ao canadense que isso não é uma regra, já que cada indivíduo reage de uma forma à aplicação dos imunizantes e que, na maior parte das pessoas, essas cicatrizes já sofreram grandes mudanças, sendo praticamente impossível, depois de décadas, saber de qual vacina elas são originárias.