A eleição presidencial colombiana acontecerá no próximo domingo (29). Na oportunidade, cerca de 39 milhões de eleitores (dos 50 milhões de habitantes) terão a oportunidade de votar - não só para o chefe do Poder Executivo e seu vice, como para senadores e deputados. O próximo presidente eleito terá um mandato de 4 anos, assumindo em agosto deste ano até agosto de 2026. O vitorioso precisará de mais 50% dos votos válidos no primeiro turno ou terá que concorrer em um segundo turno agendado para 19 de junho.
O atual presidente, Iván Duque (de direita), ganhou a eleição de 2018 com 54% dos votos válidos no segundo turno contra Gustavo Petro (de esquerda). Duque não concorrerá ao pleito, já que a reeleição foi eliminada pelo parlamento em 2015. Sucessor do ex-presidente Juan Manuel Santos (de direita, 2010-18), que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2016 pelos esforços para acabar com o conflito armado no país - tendo dividido o campo direitista na época, Duque representa para muitos a retomada da truculência uribista (referência ao Presidente Álvaro Uribe - 2002-10).
Vencedor da eleição com um discurso que apelava ao medo e associava Petro ao Chavismo, Duque teve seu mandato marcado por duas greves gerais (2019 e 2021), protestos estudantis e indígenas. Em 2021, a greve geral convocada contra uma proposta de Reforma Tributária acabou ampliando-se para outros temas, como a luta contra o desemprego, o acesso à saúde e educação pública, a renda mínima durante a pandemia e a reforma da polícia nacional controlada pelo Exército. Dessa última onda de protestos, dezenas de mortes ocorreram a partir do conflito entre manifestantes e as forças policiais.
Nesse contexto, de desgaste da popularidade do presidente e dos líderes da direita, em um país que nunca teve uma revolução popular ou um governo de esquerda, a possibilidade de uma vitória do candidato Gustavo Petro pode tornar-se realidade.
Com 6 candidatos ao posto de chefe de Estado e de governo colombiano, o atual senador, ex-guerrilheiro e economista de 62 anos, Petro lidera com ampla vantagem todas as pesquisas eleitorais em uma situação inédita. Candidato presidencial derrotado em 2010 e 2018, o ex-prefeito de Bogotá (2014-15) lidera uma ampla aliança de partidos e movimentos que vão da esquerda tradicional à centro-direita.
Petro é filiado ao partido Colômbia Humana, fundado em 2011. A legenda não tem grande expressividade no parlamento, nem em governos estaduais e municipais, porém possui a liderança de maior expressividade no momento político e que pode iniciar uma verdadeira “revolução eleitoral”. Com uma aliança ampla, nomeada como Pacto Histórico, a articulação jogará todas suas forças na esperança de uma "Onda Petro".
Segundo a média das pesquisas eleitorais registradas e realizadas no último mês por empresas variadas, Gustavo Petro teria cerca de 40% dos votos para o primeiro turno, seguido de aproximadamente 25% de Federico Gutiérrez (direita liberal-conservadora) e 20% de Rodolfo Hernández (direita populista). Nesse sentido, uma vitória de Petro no primeiro turno parece improvável, mais do que isso podemos esperar um segundo turno complicado - mesmo com a tentativa do candidato de esquerda de aproximar setores de centro-direita.