A comoção gerada com as cenas de horror ocorridas na guerra da Ucrânia, iniciada após uma invasão russa, em 24 de fevereiro, reacendeu uma discussão mundo afora sobre a indignação seletiva do Ocidente, que se mobiliza contra a barbárie no conflito do Leste, mas que ignoraria violações tão dantescas que ocorrem com populações não brancas de outros continentes.
Na esteira dos acontecimentos trágicos das últimas semanas, um vídeo estarrecedor recente divulgado nas redes sociais mostra soldados da Etiópia, nação africana envolvida numa sangrenta guerra civil contra rebeldes separatistas da região do Tigré, queimando um homem vivo num povoado do norte do país.
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O caso teria acontecido no povoado de Ayisid Kebele, na região de Metekel, província de Benishangul-Gumuz. As informações que chegam de observadores locais é de que 11 pessoas da etnia Tigrayan, que forma a base da Frente Pela Liberação do Tigré, guerrilha que luta contra o governo central, teriam sido capturadas e executadas por militares e milícias alinhadas a Adis, sendo que um deles foi queimado vivo numa fogueira, na frente dos habitantes da vila. As imagens são perturbadoras.
O Comitê de Direitos Humanos da Etiópia (EHRC, na sigla em inglês) condenou o ato bárbaro e divulgou uma nota revelando que “o ato de queimar corpos e uma pessoa até a morte foi perpetrado por membros das forças de segurança do governo e o que há envolvimento de outras pessoas", ao classificar o episódio como "uma ação de assassinato extrajudicial”.
Os 10 integrantes da comunidade Tigrayan fuzilados, assim como a outra vítima incendiada ainda com vida, foram acusados pelas tropas leais ao governo central de colaborarem com a guerrilha dos rebeldes separatistas do Tigré.
O jornal britânico The Guardian ouviu William Davison, um veterano analista do conflito ligado à entidade Ethiopia International Crisis Group, que afirmou que barbaridades como a incineração de pessoas, vista no vídeo, têm sido cada vez mais comuns no país e sempre perpetradas por integrantes do exército etíope.
Veja o vídeo (cenas muito fortes):