RÚSSIA X UCRÂNIA

China conversa com Ucrânia: qual a posição de Pequim na guerra com a Rússia?

Ucrânia disse que o país está pronto para continuar negociações com a Rússia e que quer a mediação do governo chinês para conseguir um cessar-fogo

Vladimir Putin e Xi JinpingCréditos: Xinhua
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Principal potência militar do mundo ao lado dos Estados Unidos, a China mudou um pouco a postura na guerra entre Rússia e Ucrânia e sinalizou, nesta terça-feira (1º), que poderá ajudar o país em um acordo de cessar-fogo com a nação soviética. Até o momento, a China tem se mantido neutra no conflito.

Nesta tarde, aconteceu o primeiro encontro de Kiev e Pequim desde o início da guerra. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dymtro Kuleba, disse ao chanceler da China, Wang Yi, que o país está pronto para continuar as negociações com a Rússia e quer a mediação do governo chinês para conseguir um cessar-fogo. 

Wang Yi manifestou preocupação com ataques a civis e pediu que a Ucrânia continue a negociar. “A China deplora a eclosão do conflito e está extremamente preocupada com os danos aos civis. A prioridade é aliviar a situação o máximo possível para evitar que o conflito se descontrole”, declarou o chanceler.

Mais cedo nesta terça-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, não reconheceu a ação russa como uma invasão, e disse se tratar de uma situação "indesejável". Ele reiterou, ainda, o pedido de Pequim para respeitar as "preocupações razoáveis de segurança" de todos os países, afirmando que a questão ucraniana tem uma "realidade complexa".

"As demandas de segurança legítimas da Rússia devem ser levadas a sério e adequadamente tratadas diante da expansão da Otan para o leste", pontuou Wenbin. 

"É imperativo que todas as partes mantenham a contenção necessária para evitar que a situação no terreno se deteriore ainda mais ou saia do controle, e faça esforços para proteger efetivamente vidas e propriedades civis, especialmente para evitar uma crise humanitária em larga escala", completou.

Além das falas de hoje, no último dia 25, Pequim se absteve na votação para barrar uma moção que “deplorava” a invasão da Ucrânia. A Rússia foi o único país a votar contra.

Relação entre Rússia e China se estreitou nos últimos anos

A relação entre China e Rússia é antiga, e ficou mais próxima nos últimos anos. Nas Olimpíadas de Inverno, por exemplo, que foram realizadas em Pequim, Putin foi um dos poucos líderes mundiais presentes.

As relações comerciais também se estreitaram nas últimas décadas. Em 2021, o comércio entre os países aumentou 35%, para um volume recorde de US$ 147 bilhões. A China tornou-se, assim, o maior mercado para as exportações russas após a União Europeia, comprando US$ 79 bilhões da Rússia em 2021, principalmente em petróleo e gás.

A rodada anterior de sanções contra a Rússia, em 2014, após a primeira invasão de Putin à Ucrânia, impulsionou o crescimento dos laços econômicos com a China. Uma crescente apreensão relativa aos EUA e seus aliados na Europa e na Ásia também fomentou laços militares. No ano passado, Rússia e China realizaram grandes exercícios militares conjuntos.