Na última terça-feira (22), apenas 2 dias antes dos primeiros ataques da Rússia contra a Ucrânia, os Estados Unidos bombardearam instalações de radicais do Al-Shabaab, uma filial da Al-Qaeda, na Somália, no Chifre da África. Trata-se do primeiro ataque militar dos EUA no país desde agosto do ano passado.
Nesta quinta-feira (24), o comando militar dos EUA na Somália informou, por meio de nota, que "conduziu um ataque aéreo contra terroristas do al-Shabaab depois que eles atacaram forças parceiras em um local remoto perto de Duduble".
Te podría interesar
Ainda não é possível saber o número de vítimas decorrente do ataque. O comando militar dos EUA afirma apenas que ainda está sendo feita uma "avaliação de batalha" e que a análise "inicial" somente "indica" que nenhum civil tenha sido morto ou ferido.
A agência chinesa Xinhua, por sua vez, informa que o Exército Nacional da Somália (SNA), apoiado militarmente pelos EUA, abateu 29 combatentes da Al-Shabab.
Ao todo, entre 2019 e 2020, os EUA realizaram 116 ataques aéreos contra o grupo extremista na Somália. A Anistia Internacional informa que há civis entre as vítimas. No final de 2020, o então presidente Donald Trump ordenou a maior parte dos militares estadunidenses deixassem o país.
A Somália vive turbulência política em meio a atuação de grupos extremistas e operações do exército somali e dos militares dos EUA. A eleição parlamentar do país, que estava marcada para acontecer nesta semana, foi adiada para o próximo mês. Além disso, a nação do Chifre Africano vive sua pior seca em uma década.
"Na África não há repercussão"
Em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia, analisando a ofensiva da Rússia contra a Ucrânia, o professor de Relações Internacionais Reginaldo Nasser chamou a atenção para como conflitos na Europa são repercutidos de maneira diferente daqueles na África ou no Oriente Médio.
"Toda vez que acontece um conflito entre dois países, as pessoas falam em guerra mundial. Isso é influência do eurocentrismo, pois quando ocorre na Europa, acham que é guerra mundial. Mas quando é na África ou no Oriente Médio, não há repercussão”, declarou.
Assista abaixo à integra da entrevista