O ex-presidente Lula disse nesta quinta-feira (24) que é lamentável vermos nos dias atuais ataques militares como o da invasão russa à Ucrânia e que as diferenças deveriam ser resolvidas na conversa entre as nações.
“É lamentável que, na segunda década do século XXI, a gente tenha países tentando resolver suas divergências, sejam territoriais, políticas ou comerciais, através de bombas, de tiros, de ataques, quando deveriam ter sido resolvidas numa mesa de negociação”, declarou o ex-chefe de Estado.
No entanto, durante sua entrevista à rádio Supra FM, de Goiás, o líder de esquerda fez questão de ressaltar que a atitude deplorável de Vladimir Putin de avançar sobre a soberania ucraniana é exatamente igual às várias invasões promovidas pelos EUA ao longo dos séculos XX e XXI, assim como de seus aliados da Otan.
“A gente está acostumado a ver que as potências, de vez em quando, fazem isso sem pedir licença. Foi assim que os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, invadiram o Iraque. Foi assim que a França e a Inglaterra invadiram a Líbia. E é assim que a Rússia está fazendo com a Ucrânia. É importante que essas pessoas aprendam que a guerra não leva a nada, a não ser a mais destruição, mais desemprego, mais desespero, mais fome. O ser humano tem que criar juízo e resolver suas divergências numa mesa de negociação, nunca num campo de batalha”, relembrou Lula.
Para o pré-candidato à Presidência que lidera todas as pesquisas até o momento, distribuir melhor o poder entre as nações no Conselho de Segurança da ONU seria um primeiro passo para se evitar ações como as realizadas por Moscou contra o governo de Kiev, dando voz também aos países que estão fora do círculo das grandes potências militares.
“É preciso colocar mais países para participar do Conselho de Segurança, não pode ser apenas cinco (com assento permanente). É preciso ter representação da África, da América Latina, que participem a Índia, o Japão, a Alemanha. É importante que a gente coloque novos países e aumente a capacidade de governança da ONU. Que não seja uma instituição apenas decorativa, mas que tome decisões efetivamente”, concluiu Lula.
Celso Amorim também repudia
O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, em entrevista ao canal Opera Mundi, no YouTube, também condenou a ações de invasão e ataque militar promovidas por Moscou. Ele ponderou que as preocupações russas com sua integridade e segurança têm fundamento, mas reprovou o exagero da reação promovida pelo Kremlin.
"A Rússia poderia continuar reforçando suas posições na fronteira, poderia continuar mostrando disposição em reagir com força caso fosse atacada, enfim. Há várias formas de se fazer isso sem ter que atacar um outro país... Na onda longa, eu vejo as preocupações da Rússia plenamente justificadas. Mas, nesse episódio em si, eu acho um erro. Um erro e um ato ilícito", falou o antigo chefe do Itamaraty.