O ministro do Interior do governo da Bolívia, Carlos Eduardo del Castillo, informou, por meio de um comunicado em suas redes sociais, que a Polícia Nacional prendeu o governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, que é investigado por "promoção do terrorismo" por conta de sua participação no golpe de Estado que levou à queda do então presidente eleito Evo Morales, em 2019.
"Informamos ao povo boliviano que a polícia boliviana cumpriu a ordem de prisão contra o senhor Luis Fernando Camacho", escreveu o ministro do Interior.
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Em comunicado, o Ministério Público afirmou que Camacho foi detido no processo intitulado Golpe de Estado I, que investiga o movimento golpista protagonizado por policiais militares e membros do exército.
Durante o golpe, Camacho liderava o Comitê Cívico de Santa Cruz, organização golpista composta por empresários e membros da elite de Santa Cruz. A prisão de Camacho por pedida no dia 31 de outubro pelo promotor Omar Alcides Mejillones. Os investigados no processo são acusados de terrorismo, sedição e conspiração.
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Direito ao silêncio
A Procuradoria-Geral da Bolívia revelou nesta quarta-feira (28) que o governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, invocou o seu direito ao silêncio enquanto aguarda a audiência de precaução.
Em comunicado divulgado pela rede DTV, Camacho declara que "vai aceitar o seu direito de permanecer em silêncio". No mesmo comunicado, o líder golpista defende a sua participação no golpe de 2019.
Luis Fernando Camacho está preso nas instalações da polícia na cidade de La Paz.
Ao ser questionado se queria acrescentar algo à sua declaração, Camacho declarou que tem orgulho de sua participação no golpe de Estado. "Quero deixar claro que tenho orgulho por ter feito parte da maior luta da história da Bolívia pela liberdade e pela democracia".
A Procuradoria-Geral rebateu a acusação da oposição de que Camacho foi "sequestrado". "A decisão não é um sequestro ou perseguição política, pelo contrário, foi emitida em outubro desta administração e tem o controle jurisdicional do Décimo Juiz de Instrução Criminal do Tribunal Departamental de Justiça de La Paz", disse o comunicado.
Caos em Santa Cruz
Após a prisão de Camacho, uma série de protestos violentos se espalharam por Santa Cruz. Segundo informações da imprensa local, três edifícios foram incendiados: o Ministério Público departamental, o prédio do Conselho Nacional de Combate ao Tráfico Ilícito de Drogas (Conaltid) e a residência de um funcionário do governo.
O Comitê Cívico de Santa Cruz, que esteve envolvido diretamente no golpe de 2019, anunciou a "luta pacífica pela libertação" de Camacho.
Em declaração à imprensa, o atual líder do Comitê, Rômulo Calvo, exigiu que o presidente da Bolívia, Luis Arce, "liberte imediatamente Camacho para evitar o confronto desnecessário que seu governo pretende instalar".
Calvo ainda fez ameaças golpista contra o presidente da Bolívia. "Arce brinca com o fogo e o povo de Santa Cruz não vai desistir da Luta. Será firme até as últimas consequências até libertar nosso governador".
Para Rômulo Calvo, a prisão de Camacho "é um flagrante violação dos direitos humanos constitucionais e democráticos".
Santa Cruz é a região mais rica e a segunda mais densamente povoada da Bolívia. O departamento concentra 14% da votação nacional e também se destaca como a localidade que reúne a principal oposição ao governo socialista de Luis Arce.
Com informações da TeleSur, France24 e Infobae.